I SÉRIE — NÚMERO 47
52
ausência de um consenso que, todavia, se nos afigurava possível e desejável, entendemos votar favoravelmente
todos os votos de condenação submetidos ao Plenário.
O povo americano reagiu com notável prontidão e empenhamento cívico exemplar a estas novas ameaças de
subversão de um regime democrático fundado há 230 anos pela primeira Constituição escrita da história da
humanidade que serviu de inspiração e de modelo às democracias constitucionais contemporâneas. Sucedem-
se as demonstrações populares de desagrado, desde o discurso inaugural de Donald Trump, às manifestações de
solidariedade para com os imigrantes e refugiados impedidos de entrar nos Estados Unidos que invadiram os
aeroportos. Numerosos juízes confirmaram a invalidade da proibição decretada pelo Presidente e o Tribunal
Federal da Relação de São Francisco suspendeu o decreto e rejeitou um recurso do Governo que exigia a sua
aplicação. No Congresso, vários senadores eleitos pelo Partido Republicano recusam-se a apoiar as nomeações
do Presidente para cargos da competência do poder executivo,
É urgente que Donald Trump perceba que a resistência com que se está a deparar — até no interior do
partido que promoveu a sua candidatura! — conta com poderoso apoio internacional. Que a extrema-direita que
se deslumbra com os seus destemperos não representa os cidadãos do mundo. Que as suas declarações são
inaceitáveis também para os legítimos representantes de Estados que sempre foram insuspeitos aliados dos
Estados Unidos da América. Por isso reveste importante significado simbólico a declaração do Presidente da
Câmara dos Comuns britânica — John Bercow — que se opõe a que Donald Trump seja convidado para discursar
no Parlamento britânico. John Bercow, membro do Partido Conservador, ressalva a importância de preservar os
laços de amizade entre os dois países mas, para além da proibição de entrada de imigrantes e refugiados nos
EUA, justifica a sua atitude esclarecendo que o convite para falar no Parlamento não é o reconhecimento de um
direito. É uma honra que se concede aos convidados que a mereçam. A «oposição ao racismo e ao sexismo e o
apoio à igualdade face à lei e a uma justiça independente são considerações imensamente importantes». Não é
o caso de Donald Trump!
Os Deputados do PS, Helena Roseta — Bacelar de Vasconcelos.
——
Na sessão de hoje houve cinco votos de condenação [n.os 205, 206, 207, 209 e 210/XIII (2.ª)] e preocupação
relativamente à situação atual ou a políticas da atual Administração Trump nos EUA.
Os primeiros três votos deram entrada até quarta-feira (inclusive), permitindo assim uma apreciação dos
mesmos quer pessoal quer coletiva no âmbito do Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS). O sentido
das minhas votações em relação a estes três votos foi, assim, de acordo com a apreciação que realizei da
substância dos mesmos e do debate havido em reunião do GPPS.
Abstive-me em relação aos votos n.os 209 e 210/XIII (2.ª) por razões processuais, dado terem entrado
tardiamente, relativamente ao que considero ser uma boa prática parlamentar de, por regra, os votos (não de
pesar) serem entregues até quarta-feira (inclusive). É certo que o Regimento da Assembleia da República (RAR)
prevê que os votos possam ser entregue até ao fim do Plenário do dia anterior ao da sua votação, pelo que é
perfeitamente legítimo que tenham sido votados.
Porém, convém recordar a reflexão feita em Conferência de Líderes (CL).
Num primeiro momento, foi consensualizado, sob proposta do Presidente do GPPS, que os votos (que não
de pesar) deveriam ser entregues até quarta-feira. Pode ler-se na súmula da Conferência de Líderes 13, de 27
de janeiro de 2016, que:
«Relativamente aos votos para apreciação e votação em plenário, e na sequência do debate já realizado em anterior
Conferência, o líder do PS apresentou uma proposta para regular esta matéria, dando cumprimento ao disposto no
artigo 75.º do RAR e assegurando a adoção de regras quanto à entrega, distribuição e dimensão dos votos.
Foi deliberado que, a fim de que os votos possam ser discutidos e apreciados no período regimental da
semana em que são apresentados, devem os mesmos serem submetidos até ao final da quarta-feira dessa
mesma semana, garantindo-se, assim, a sua distribuição no dia seguinte.»
Na reunião seguinte, o líder do BE defendeu, no essencial, que, embora tencionando cumprir a metodologia
acordada em Conferência de Líderes (de entrega de votos até quarta) não abdicariam dos direitos regimentais,
conforme se pode ler na súmula dessa reunião: