4 DE FEVEREIRO DE 2017
55
Em dezembro de 2009, foram consignadas obras no troço Miranda do Corvo/Serpins e, em janeiro de 2010,
foi consignado o troço Alto de S. João/Miranda do Corvo. De salientar que estas consignações foram feitas em
pleno cenário de crise.
Em dezembro de 2009 e janeiro de 2010, foram iniciadas as obras. Os carris foram arrancados, a plataforma foi
regularizada, as pontes e os túneis foram restaurados. O canal da ferrovia teve intervenção no troço entre Serpins e
o Alto de São João e, no centro da cidade, foram feitas expropriações e iniciaram a abertura de um «canal».
Poucos meses após o início das obras, o mesmo Governo socialista que as tinha lançado mandou suspender
a execução. Em junho de 2010, surgiram notícias de que o Governo tinha mandado estudar cenários alternativos
(com uso de BRT) ao que tinha sido publicamente anunciado, aquando do início das obras. Alguns dos trabalhos
já consignados, nomeadamente a colocação de carris, foram suspensos.
Quando as obras pararam, já tinham sido gastos mais de 100 milhões de euros numa linha que tem cerca
de 37 km (entre Serpins e Coimbra B) e que foi intervencionada em 30 destes quilómetros. Além destes milhões,
foram gastos muitos mais em estudos, projetos, rendas e recursos humanos.
A população sentiu-se (e sente-se) indignada. Com a promessa de um moderno sistema, acabou privada do
seu meio de transporte em ferrovia.
Esta revolta foi compreendida por vários grupos parlamentares com assento na Assembleia da República. No
início de 2011, foram aprovados quatro projetos de resolução (PS, PSD, CDS e BE) tendo em vista a finalização
das obras. Estes projetos foram publicados no Diário da Republica n.º 33, 1.ª série, de 16 de fevereiro de 2011.
Posteriormente, o País foi intervencionado pela troica, com as consequências e os constrangimentos
conhecidos.
O relatório do Grupo de Trabalho para as Infraestruturas de Alto Valor Acrescentado, coloca a obra do metro
do Mondego como uma prioridade.
A população foi informada que o projeto seria incluído no atual quadro comunitário. Com esse objetivo, foi
solicitada, pelo Governo anterior, PSD/CDS, uma nova análise do investimento ao LNEC (Laboratório Nacional
de Engenharia Civil) e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
O projeto que tinha sido anunciado à população, e que foi iniciado, previa uma solução de metro de superfície
com viaturas do tipo «tram-train» no Ramal da Lousã.
Estas viaturas tinham a vantagem de poder circular quer na cidade quer na Linha da Lousã (Serpins/Coimbra B).
O PCP e OS Verdes têm defendido soluções de ferrovia tradicional.
As autarquias têm defendido, maioritariamente, soluções de ferrovia do tipo «tram-train», iguais às que
estavam previstas aquando do lançamento das obras.
Os presentes projetos de resolução, referidos em epígrafe, apresentados por OS Verdes e pelo PCP, mantêm
nas suas propostas o que ao longo do tempo tem sido defendido pelo PCP e por Os Verdes.
O projeto do PCP defende a seguinte resolução: «Início urgente das obras de reposição, modernização e
eletrificação da linha do Ramal da Lousã, a concretizar em 2017.»
O projeto de Os Verdes é um pouco mais abrangente, defendendo que o Governo deve aproveitar o próximo
quadro comunitário para candidatar a reposição de uma solução ferroviária no canal reconstruído do antigo
Ramal da Lousã, criando as condições necessárias para voltar a garantir, o mais rapidamente possível, uma
solução de mobilidade ferroviária às populações, entre Serpins e Coimbra e a Rede Ferroviária Nacional.
Devendo até à reposição do transporte ferroviário ser garantido o serviço rodoviário alternativo nas condições
atuais, pois é uma necessidade imperiosa dos utentes.
Os Verdes defendem, ainda, que o Governo proceda à elaboração urgente de um estudo para encontrar a
resposta mais adequada para a mobilidade no espaço urbano da cidade de Coimbra e na ligação aos Hospitais
da Universidade.
O Bloco de Esquerda defende uma solução diferente da do PCP, defendendo a continuidade das obras,
utilizando a solução tecnológica que estava prevista.
«Um sistema combinado comboio-metro ligeiro de superfície, do tipo «tram-train», é a solução técnica e financeira
mais adequada; no curto prazo permitiria a utilização de material circulante disponível no Metro do Porto.»
O projeto do Bloco de Esquerda propõe que a Assembleia recomende ao Governo que «crie as condições
necessárias para o reinício dos trabalhos do sistema de mobilidade integrado Coimbra — Lousã, no mais curto
espaço de tempo, com prioridade absoluta para o eixo Coimbra/Miranda do Corvo/Lousã/Serpins.»