18 DE FEVEREIRO DE 2017
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Temos toda a disponibilidade para, em sede de especialidade, adaptar o seu articulado, que, obviamente,
estava previsto para entrar em vigor no princípio de 2017. Através deste mecanismo, que é simples, consagra-
se uma dedução à coleta, ou seja, uma dedução àquilo que é pago em sede de IRC, para que as empresas
possam usar este dinheiro, investindo-o e aplicando-o nelas. É um mecanismo simples, rápido, eficaz e que já
deu provas.
Quem não está contente e acha que Portugal pode crescer mais só tem uma coisa a fazer: é votar a favor.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O baixo nível de investimento, em particular
do investimento produtivo, constitui um sério entrave ao crescimento económico e à criação de emprego.
A adesão de Portugal ao euro marcou o início de um período de queda acentuada do investimento público e
privado. De 28% do PIB no ano 2000, o investimento total caiu para praticamente metade em 2016, sendo que
a quebra mais acentuada se registou durante os quatro anos e meio do anterior Governo PSD/CDS.
Em 2014 e 2015, o nível de investimento foi, inclusivamente, inferior à amortização do capital, significando
que nesse período se destruiu capacidade produtiva.
Os sucessivos cortes no investimento público foram sempre ditados pela opção, obsessiva, de reduzir o
défice orçamental, opção com a qual o atual Governo PS não cortou e que se traduz na manutenção de níveis
de investimento manifestamente insuficientes.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O projeto de lei que o CDS traz hoje a debate, além de tentar apagar as
pesadas responsabilidades que este partido tem pelos baixos níveis de investimento que se registam no nosso
País, insiste na tese de que a quebra do investimento é devida, essencialmente, a fatores de natureza fiscal e
aproveita esta falsa tese para, na senda das medidas aprovadas na reforma do IRC de 2013, defender mais
uma borla fiscal às grandes empresas e aos grupos económicos.
É o próprio INE (Instituto Nacional de Estatística) que desmente a tese do CDS quando, no seu inquérito de
conjuntura ao investimento, do passado dia 26 de janeiro, afirma, taxativamente: «O principal fator limitativo do
investimento empresarial identificado pelas empresas nos dois anos analisados foi a deterioração das
perspetivas de venda».
Assim, tendo em conta esta realidade, a melhoria das condições para o investimento passa,
necessariamente, pela elevação da capacidade aquisitiva dos trabalhadores e do povo português por via de
uma elevação geral dos salários. Este é que é o fator determinante para a atratividade do investimento
identificado pelas próprias empresas. É aqui que é preciso atuar.
O PSD e o CDS, ao ignorarem deliberadamente, por opção ideológica, esta realidade, fizeram exatamente o
caminho inverso, de redução do rendimento dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas e das famílias,
com consequências nefastas para as micro, pequenas e médias empresas.
Não é com iniciativas como a de hoje que o CDS consegue limpar o seu passado — de esmagamento das
pequenas empresas — ou esconder a sua opção por uma política de favorecimento do grande patronato.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Como elemento indispensável de uma adequada resposta aos graves
problemas económicos nacionais, o PCP tem vindo a insistir na necessidade de adotar medidas de apoio às
micro, pequenas e médias empresas, medidas como aquelas por nós apresentadas recentemente: de redução
de carga fiscal e simplificação das obrigações tributárias; de facilitação do acesso ao investimento; de redução
dos custos de produção associados à energia elétrica e aos combustíveis, às telecomunicações e aos
transportes. São medidas destas que as micro, pequenas e médias empresas precisam, e são estas medidas
que o PCP propõe.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando
Anastácio.