18 DE FEVEREIRO DE 2017
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O Sr. Deputado acha que há 18 000 grandes empresas em Portugal? Grandes empresas aprovam a sua
borla fiscal, que é a reavaliação de ativos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, fica assim terminada a discussão, na generalidade,
do projeto de lei n.º 316/XIII (2.ª) (CDS-PP).
Passamos ao último ponto da nossa ordem do dia, que consiste na apreciação do projeto de resolução n.º
665/XIII (2.ª) — Visa impedir o recurso à energia nuclear (Os Verdes).
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O nuclear constitui um
perigo e, por diversas vezes, Os Verdes têm trazido esta questão à Assembleia da República.
Muitos, ao longo da história, foram os acidentes decorridos em centrais nucleares — e ainda ontem tivemos
uma notícia relativamente a um problema sério no sistema de refrigeração numa central nuclear da Eslovénia
— e, Sr.as e Srs. Deputados, não é possível brincar com coisas tão sérias.
Portugal negou, e bem, a energia nuclear. Não quis centrais nucleares no seu território, mas, Sr.as e Srs.
Deputados, por diversas vezes, temos lembrado o perigo com que nos confrontamos, de perto, relativamente à
ameaça nuclear, decorrente da proximidade que temos à central nuclear de Almaraz.
É conhecida a intenção do Governo espanhol de proceder ao prolongamento do funcionamento de uma
central nuclear completamente obsoleta. E estamos em crer que esta matéria tem levado a que muitos
portugueses despertem novamente para a ameaça e risco do nuclear.
Sr.as e Srs. Deputados, Portugal tem, por outro lado, um imenso potencial para apostar na eficiência e na
diminuição dos consumos de eletricidade. Temos um enormíssimo potencial para apostar no aumento e na
eficácia das energias renováveis e temos produção elétrica bastante no nosso País para satisfazer as nossas
necessidades.
Sr.as e Srs. Deputados, consideramos que Portugal, dada a opção que fez, relativamente à rejeição do
nuclear, tem a obrigação de ser mais consequente e de rejeitar de uma forma mais completa a energia nuclear.
Por isso, Os Verdes trazem, hoje, à Assembleia da República uma proposta para que tenhamos a coragem
de mexer no mercado da energia, porque, importando nós energia nuclear de Espanha, sermos consequentes
levaria a que pudéssemos alterar regras do mercado no sentido de impedir essa importação.
É evidente que todos sabemos que quando a eletricidade, independentemente da fonte primária, entra na
rede não pode ser desagregada, porque existe apenas uma rede, não pode ser diferenciada relativamente à
fonte. Mas, no mercado, os volumes transacionáveis podem ser desagregados em função da fonte de
eletricidade e nós podemos fazer a opção de não comprar, de não financiar, a energia nuclear. Seríamos muito
mais consequentes se fizéssemos essa opção.
A Áustria fez opções de alteração às regras de mercado para minimizar o recurso à energia nuclear que hoje
já não consome. É este o desafio que Os Verdes, hoje, trazem à Assembleia da República.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Muito bem!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, em nome do Partido Socialista, tem a palavra
o Sr. Deputado Hugo Costa.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr.ª Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, começo por saudar o Partido Ecologista
«Os Verdes» por, mais uma vez, trazer a Plenário o tema da energia nuclear e aproveito para iniciar o debate
com uma citação do livro premiado Vozes de Chernobyl: «Ele começou a mudar: a cada dia, deparava com uma
pessoa diferente… As queimaduras começaram a vir à superfície. (…) A cor do seu corpo… Azul… Vermelho…
Cinzento-acastanhado.», sendo esta uma das muitas vozes anónimas de Chernobyl presentes no livro que
refletem as palavras, neste caso é a de uma viúva de um dos bombeiros do desastre nuclear.