2 DE MARÇO DE 2017
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Sr. Deputado Nuno Magalhães, tudo isto se reporta a um problema, que é o desinvestimento deste Governo
nas funções essenciais do Estado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Isso!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Não é só na educação, não é só na saúde, agora é também na segurança!
E esse desinvestimento tem este resultado!
Mas vir dizer que o Governo anterior também desinvestiu, que não fez, que fez mal… Por amor de Deus,
Srs. Deputados!
Querem resolver algum problema ou querem fazer história? Somos historiadores? Ou estamos aqui para
resolver problemas dos portugueses?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Estamos aqui para resolver os problemas! É isso que queremos!
Se querem fazer história, recomendo-lhes, então, escrevam livros…
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Isso já os senhores fizeram muito!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — … e deixem para a posteridade!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para proferir a declaração política do CDS-PP, tem a palavra
o Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Colocamos hoje o tema da
internacionalização da economia portuguesa no centro do debate parlamentar. Ao fazê-lo, Sr.as e Srs.
Deputados, não podemos deixar de começar por assinalar o aparente adormecimento do Ministério dos
Negócios Estrangeiros nesta matéria.
Cada vez mais, fica a sensação de que o atual Ministro dos Negócios Estrangeiros, responsável pela
condução da diplomacia portuguesa, gosta pouco de economia e duvida-se, até, que conviva bem com o
estrangeiro.
Desde que o Governo assumiu funções, é evidente a resistência, para não dizer o desconforto, do Ministro
dos Negócios Estrangeiros em assumir uma posição liderante neste processo, precisamente por fazer uma
leitura, no nosso entender, curta, demasiado curta, sobre a diplomacia económica.
Todos nos lembramos das críticas que o Partido Socialista dirigiu ao anterior Governo de que a política
externa tinha sido pulverizada e reduzida à diplomacia económica. Sempre reputámos essas críticas como
excêntricas. Excêntricas, porque a diplomacia económica não esgota a diplomacia; excêntricas, porque a
diplomacia económica está longe de ter esgotado o seu potencial; excêntricas, porque os resultados falam por
si; excêntricas, porque a economia é hoje a continuação da política por outros meios.
Sr.as e Srs. Deputados, em pouco mais de dois anos, de 2013 a 2015, as exportações superaram os 40% do
PIB (produto interno bruto). Pela primeira vez, foi possível ter um plano de negócios aprovado em cada
embaixada, mas foi também possível criar uma nova relação e um novo envolvimento entre embaixadas,
consulados e empresas portuguesas.
Lamentamos, por isso, que o Governo tenha uma posição redutora sobre o papel do Ministério dos Negócios
Estrangeiros.
A readaptação da diplomacia à economia é muito importante na recuperação do País e quanto mais cedo o
Ministério dos Negócios Estrangeiros se libertar dessa lógica arcaica e interiorizar as vantagens de somar a
diplomacia à economia maiores serão as hipóteses no nosso futuro.