I SÉRIE — NÚMERO 65
14
Tudo o que seja partilha de soberania para a esquerda é perda de soberania. Tudo o que seja economia
mais evoluída, para a esquerda estaremos sempre a falar de perda de direitos.
No fundo, o modelo das esquerdas deste Parlamento é garantir o «orgulhosamente sós!».
Devo referir que antes do início das negociações a União Europeia e o Canadá decidiram realizar
conjuntamente, em 2007, um estudo para analisar e avaliar os benefícios de uma parceria económica mais
estreita.
Protestos da Deputada do BE Isabel Pires.
O PSD acredita em sociedades mais livres, mais equilibradas, mais justas e que todos tenham as mesmas
oportunidades. Um modelo mais aberto e com regras transparentes será, certamente, melhor para todos. O
Acordo Económico e Comercial Global, o CETA, com os Estados Unidos da Europa vai permitir-nos aprofundar
relações económicas e também beneficiar a economia portuguesa. É nisto que acreditamos.
Muito obrigado, Sr. Presidente, pela sua tolerância.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Lara Martinho.
A Sr.ª Lara Martinho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de
mais quero agradecer ao Bloco de Esquerda o agendamento deste debate sobre o CETA — o terceiro sobre
esta matéria desde o início da Legislatura —, porque acontece, de facto, num momento particularmente
oportuno.
Um momento oportuno porque, depois de oito anos de negociações, o CETA foi aprovado pelo Parlamento
Europeu no mês passado, podendo agora entrar provisoriamente em vigor nas matérias de competência
exclusiva da União Europeia. Isso significa, desde logo, a entrada em vigor das eliminações e reduções tarifárias
com poupanças de 500 milhões de euros anuais.
Um momento oportuno, porque uma das grandes questões políticas atuais é precisamente a da integração
económica mundial, isto é, da globalização.
O Partido Socialista tem uma visão muito clara relativamente à globalização e aos acordos de comércio.
Somos, naturalmente, contra um modelo de globalização sem regras, nem padrões sociais e ambientais. Somos,
isso, sim, a favor de um modelo de integração económica global que se oriente de acordo com regras justas,
que redistribua as vantagens da abertura comercial de forma equitativa e que respeite os mais altos padrões
sociais e ambientais.
Os acordos comerciais negociados pela União Europeia são uma oportunidade para regular a globalização
à luz do modelo económico-social europeu. É por esta razão que a aprovação do CETA é também do nosso
interesse estratégico nacional.
É importante relembrar que o Canadá, além de ser um parceiro estratégico da União Europeia desde 1996
e um aliado importante na cena internacional, é a economia mais próspera com a qual a União Europeia
negociou um acordo comercial e onde os níveis de proteção social, ambiental e de saúde pública são
semelhantes aos padrões europeus. Além disso, o CETA introduz instrumentos e previsões verdadeiramente
pioneiras.
Além da eliminação de taxas alfandegárias e barreiras não pautais e da inflexibilidade em matéria de direitos
laborais e ambientais, garantindo e preservando, de forma inequívoca, os direitos dos Estados a decidirem
livremente sobre as suas políticas públicas, introduz um tribunal de investimento permanente com disposições
que garantem a imparcialidade na nomeação dos juízes e o equilíbrio dos direitos dos investidores e dos Estados
e, para além disso, reconhece indicações geográficas protegidas, o que muito nos interessa.
Por estas razões, não podemos deixar de reconhecer que o CETA será um instrumento de crescimento e de
desenvolvimento sustentável para o nosso País, ao mesmo tempo que poderá funcionar como modelo normativo
nos acordos futuros em negociação pela Comissão Europeia com as mais diversas regiões do mundo.
Sr.as e Srs. Deputados, a União Europeia é o maior bloco comercial do mundo. Um em cada sete empregos
na Europa deve-se ao comércio internacional. Ao contrário do que dizem as vozes críticas, é por fazermos parte