I SÉRIE — NÚMERO 65
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Gostaria de sinalizar três razões que fazem deste Acordo um acordo particularmente relevante para o nosso
País.
Primeiro, hoje, na Europa e no mundo, vivemos um período de grande incerteza. A resposta a períodos de
maior incerteza não é o isolamento, mas, sim, o multilateralismo. Nem nós, enquanto europeus, nem o Canadá
desistimos da nossa relação transatlântica e este Acordo contribui precisamente para reforçar o eixo
transatlântico com o Canadá, criando condições de maior segurança e de maior previsibilidade nas relações
comerciais e de investimento.
Segundo aspeto: porquê o Canadá? O Canadá é mesmo o parceiro ideal para podermos reforçar esta relação
transatlântica e julgo que aqui, nesta Câmara, também todos estaremos de acordo. E porquê? Porque o Canadá
partilha com a Europa o modelo social europeu e o Estado social, que todos nós tanto valorizamos, mas também
porque o Canadá tem regras estritas que promovem a proteção dos direitos laborais e dos direitos de natureza
ambiental.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Terceiro aspeto: é muito importante aprofundar as relações económicas, porque elas são importantes tanto
para o Canadá quanto para Portugal, mas também porque temos uma comunidade portuguesa residente no
Canadá muitíssimo relevante.
Mas, então, de uma forma pragmática e concreta, que benefícios é que este Acordo traz, realmente, para
Portugal? Traz mesmo benefícios para Portugal? Como é que podemos medi-los? Beneficia mesmo as
pequenas e médias empresas (PME)? De uma forma concreta e objetiva, vamos analisar alguns rácios.
Primeiro: como é que podemos aferir o nível de benefícios para um país de um acordo com esta natureza?
Primeiro indicador: saldo comercial. Era muito difícil beneficiar muito deste Acordo, se Portugal tivesse um
grande défice comercial com o Canadá. Ora, Portugal, em termos relativos, relativamente aos nossos parceiros
comerciais, tem um dos maiores saldos comerciais com o Canadá. O nível de exportações portuguesas para o
Canadá é quatro vezes maior do que o nível de importações e por isso é que este Acordo se irá traduzir num
impacto maior de crescimento em Portugal do que no espaço europeu.
A segunda pergunta que fazemos é esta: então, e as pequenas e médias empresas? Este é mesmo um
acordo que valoriza as pequenas e médias empresas? E como é que podemos aferi-lo? Vamos, então, olhar
para o nível de empresas — e peço a sua tolerância, Sr. Presidente — e vamos ver quais são as empresas que
exportam para o Canadá.
O Sr. João Oliveira (PCP): — As pequenas empresas não precisam de tolerância, precisam é de apoio!
O Sr. Manuel Rodrigues (PSD): — Ora, temos 1224 empresas nacionais que exportam para o Canadá.
Quantas é que são pequenas e médias empresas? Poderíamos presumir que é uma minoria, mas não: das 1224
empresas nacionais que exportam para o Canadá, 1089, ou seja, 89%, são PME.
Portanto, neste caso concreto, tenho a certeza de que todos, nesta Câmara, estamos de acordo que, para
estas 1089 empresas é fundamental deixar praticamente de pagar taxas aduaneiras.
Para terminar, ainda com a tolerância do Sr. Presidente, direi o seguinte: o PSD sempre defendeu a abertura
da União Europeia ao exterior. E este Acordo, em concreto, traz benefícios concretos, tangíveis e objetivos,
tanto ao nível das pequenas e médias empresas quanto ao nível do saldo da nossa balança comercial e do
potencial de crescimento da nossa economia. Portanto, entendemos que reúne…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem mesmo de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Manuel Rodrigues (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, entendemos que este Acordo estabelece um novo patamar de sustentabilidade e de
equilíbrio das relações comerciais e de investimento.
Aplausos do PSD.