18 DE MARÇO DE 2017
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira, do PS.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostava de começar por dizer, de forma
muito clara, que o PS não mudou um milímetro da sua matriz de intervenção no comércio internacional.
Continuamos a achar aquilo que achávamos, ou seja, continuamos a considerar que o comércio livre promove
o emprego e a riqueza.
Mas também continuamos a achar, como achávamos antes, que o Partido Socialista — neste caso, o
Governo do Partido Socialista — deve valorizar os acordos que promovem e garantem os direitos de cada
Estado, sejam os direitos laborais, sejam os direitos sociais, sejam os direitos ambientais, que aqui já foram
referidos.
Nesta perspetiva, gostaria de me referir neste debate a três níveis de análise que julgo importantes, o primeiro
dos quais tem a ver com o contexto em que estamos a discutir este Acordo. E o contexto parece-me muito
relevante.
Temos discutido neste Parlamento, ao longo dos últimos meses, um aspeto importante para uma economia
pequena, frágil e aberta ao exterior, como é o caso da economia portuguesa, que é a importância da procura
externa. Tem sido, aliás, algo que tem animado muito todas as bancadas desta Assembleia. E a importância da
procura externa está obviamente relacionada com a importância das exportações, que este Acordo encerra e
promove.
Portanto, parece-me relevante e consensual entre todas as bancadas que quanto mais fizermos pelo
comércio internacional, quanto mais fizermos por garantir que as nossas exportações têm o caminho mais
facilitado mais garantimos que a nossa procura externa cresce e mais garantimos que o PIB (produto interno
bruto) cresce com procura externa e não com procura interna, num País em que o consumo interno vale ainda
60% do PIB.
O segundo nível de intervenção neste contexto tem a ver com a observação, que também todos já fizemos,
neste Parlamento, em todas as bancadas, daquele que tem sido o crescimento dos populismos isolacionistas
na Europa e fora da Europa, em particular na América do Norte. Isto tem sido alvo de crítica neste mesmo
Parlamento.
Protestos do CDS-PP.
Portanto, parece que também deve ser consensual que uma discussão sobre um acordo desta natureza, que
vai precisamente contra esse isolacionismo, contra esse populismo que isola populações, bens e serviços, como
é o caso deste CETA, parece ser, obviamente, um dado positivo que deve animar todas as bancadas.
Um outro aspeto que não posso deixar de sublinhar tem a ver com a questão da globalização e também com
o aprofundamento da tecnologia que, como todos compreendemos, promove uma desregulamentação dos
mercados. Ora, essa desregulamentação dos mercados que ocorre tem, normalmente, uma influência mais
negativa nos países mais fracos, nos países que têm menos capacidade para se defender deste tipo de matérias.
E, como já foi aqui dito pela Sr.ª Secretária de Estado, sozinhos somos mais fracos e não conseguimos combater
essa mesma desregulamentação da globalização.
Portanto, na verdade, a melhor forma é, neste quadro multilateral, ajudar a proteger o País, a proteger os
cidadãos, como este Acordo garante e encerra.
Finalmente, um outro aspeto que me parece muito importante é, naturalmente, o dos benefícios deste Acordo,
os quais são de vários níveis, sendo o primeiro, desde logo, os económicos, conforme já foi aqui clarificado.
Dentro dos benefícios económicos, gostaria de destacar o aumento de 23% do comércio entre a União
Europeia e o Canadá e não nos podemos esquecer, como também já foi aqui referido…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe o favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Termino, Sr. Presidente.
Como dizia, não nos podemos esquecer, como também já foi aqui referido, sendo a nossa balança comercial
positiva, teremos ganhos substanciais com esta maior abertura ao mercado do Canadá e o aproveitamento que
podemos fazer dela.