I SÉRIE — NÚMERO 74
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incluído) e asiáticos, levado a cabo na London School of Economics pelo Departament of Media and
Communications, concluiu que escrever à mão e ler — livros ou material didático — em papel facilita a
concentração e proporciona uma maior absorção de informação. Pretende-se fazer mais e melhor com menos,
ensinar e aprender melhor, mas um processo de simples substituição de manuais em papel por manuais em
suporte digital exige prudência e ponderação. A par disso, necessariamente, haverá que pesar e sopesar o
investimento em soluções tecnológicas. As escolas terão de ser preparadas para um eventual passo final para
ter um sistema de um para um seja por ação institucional, seja numa política ideal de BYOD (Bring Your Own
Device), isto é, traz o teu próprio equipamento, e, naturalmente, para introduzir novas e adequadas metodologias
e estratégias educativas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP defende a igualdade
no acesso e no sucesso escolar para todos os alunos, independentemente da sua condição económica e social.
A gratuitidade dos manuais escolares constitui um passo significativo na concretização dessa igualdade de
oportunidades e promove avanços no combate ao abandono e insucesso escolares, para além de ser um dos
elementos mais utilizados no processo ensino-aprendizagem, embora cedendo algum espaço por força da
evolução tecnológica e da utilização crescente de outros meios.
Convicto desta realidade, o PCP propôs, em sede de Orçamento do Estado para 2016, a progressiva
gratuitidade dos manuais escolares para todos os alunos, em toda a escolaridade obrigatória, medida que
corporiza, para além de um instrumento fundamental para a aprendizagem, um real e significativo alívio dos
elevados custos com que as famílias se confrontam a cada início de ano letivo.
Esta medida foi já concretizada no ano letivo 2016/2017 para os alunos do 1.º ano do 1.º ciclo do ensino
básico e será alargada, em 2017 e 2018, para todos os anos do 1.º ciclo. Importa aprofundar e alargar esta
medida a toda a escolaridade obrigatória.
Tal como afirmamos, a evolução tecnológica é uma realidade crescente que não pode ser escamoteada e
que pode, também, adicionar mais-valias consideráveis no processo ensino-aprendizagem das crianças e dos
jovens.
Expressamos, porém, algumas preocupações no que concerne à desmaterialização dos materiais escolares
por não estarem totalmente apuradas as consequências que esta medida pode implicar na formação dos alunos
e no contacto e relação que estes mantêm com os livros.
Na verdade, não estão cabalmente estudados os eventuais impactos de uma situação de total
desmaterialização dos livros no que diz respeito à importância do papel tradicional e pedagógico do livro,
enquanto objeto físico e promotor da leitura, cujo futuro importa acautelar.
Apesar disso, a possibilidade de haver um desenvolvimento de conteúdos disponibilizados pela escola,
acessíveis a todos os alunos, que possam ser transmitidos por via informática, instrumento mais próximo e
atrativo para as novas gerações, bem como o desenvolvimento de materiais pedagógicos mais específicos para
crianças que apresentem necessidades educativas especiais, pode ser um passo positivo, desde que seja
garantida a universalidade no seu acesso.
Em suma, a desmaterialização dos materiais escolares encerra, por si própria, potencialidades que não
podemos descurar, mas importa avaliar o impacto da proposta sem precipitações para que se consiga uma
solução de equilíbrio entre benefícios e riscos, bem como a garantia de acessibilidade de todos às tecnologias.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Amadeu
Soares Albergaria.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Temos, neste
Parlamento, perspetivas, propostas e avaliações muito distintas de como podemos e devemos continuar a