13 DE ABRIL DE 2017
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pretende dar-lhes a oportunidade de completarem os estudos, de melhorarem a sua formação profissional, de
verem reconhecidas as competências e aprendizagens adquiridas ao longo da vida e, claro, o mais importante,
de se realizarem plenamente enquanto pessoas e cidadãos.
Aplausos do PS.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há uma geração que, em toda uma vida de trabalho com baixos
salários e reduzida proteção social, nunca se libertou da carência e da exclusão.
Foi, por isso, decisiva a criação do complemento solidário para idosos, em 2006, para garantir que nenhum
cidadão com mais de 65 anos viveria abaixo do limiar da pobreza em Portugal e foi também a pensar nestas
pessoas que se aprovou na Assembleia da República a atualização extraordinária das pensões, que vamos
efetuar já no próximo mês de agosto.
É para fazer justiça a estes homens e mulheres que estamos agora a definir novas condições de acesso à
reforma antecipada, em cumprimento do Programa do Governo e em diálogo permanente com a maioria
parlamentar e com os parceiros sociais.
Estamos empenhados num caminho que assegure a proteção das carreiras contributivas mais longas e
garanta o direito ao bem-estar e à dignidade na reforma de milhares de mulheres e homens que, até ao princípio
deste século, foram privados de ser meninos. Trata-se, também, de reparar a injustiça que foi agravada nos
últimos anos, com o duplo efeito penalizador do aumento da idade de reforma e do agravamento do fator de
sustentabilidade, que subiu de 5,4% para 12,3%. É preciso que fique clara a gravidade da penalização que
existe desde 2012: uma pessoa que tenha começado a trabalhar aos 14 anos, que tenha uma carreira
contributiva de 46 anos e que se aposente aos 60 sofre agora uma penalização de 29% na sua pensão.
Não, agora já não estou a falar dos meninos de que nos falava Soeiro Pereira Gomes em 1941, estou a falar
das pessoas que, na minha geração, só viram a idade legal para trabalhar subir para os 14 anos em 1969 e para
os 16 em 1991. São muitos, muitos milhares os que ainda estão no mercado de trabalho.
Aplausos do PS.
Esta escolha de repor a justiça eliminando uma penalização não se faz, nem se pode fazer, esquecendo a
sustentabilidade da segurança social. Em 2007, introduzimos o fator de sustentabilidade, associado ao aumento
da esperança média de vida, para garantir o futuro do sistema.
Protestos do Deputado do PSD Pedro Alves.
A defesa da sustentabilidade faz-se com a diversificação das fontes de financiamento da segurança social,
que começámos com a consignação do adicional do IMI (imposto municipal sobre imóveis), e faz-se com criação
de emprego, a inversão das tendências migratórias e o desenvolvimento de políticas de rendimento e de justiça
social, essenciais para a criação de condições favoráveis ao aumento da natalidade.
Esta é, Sr. Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, a visão que temos de solidariedade entre gerações, em que
ninguém com mais de 65 anos viva abaixo do limiar de pobreza, em que os que começaram a trabalhar aos 12
ou aos 14 anos se possam reformar aos 60 sem penalização, em que todos os que estão no mercado de trabalho
se possam qualificar e obter formação ao longo de toda a sua vida e em que as crianças que hoje estão em
idade escolar possam ser meninos e adquirir o conhecimento que lhes permita a plena realização como homens
e como mulheres.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Vamos iniciar a fase de debate, em que o Sr. Primeiro-Ministro responderá às perguntas
formuladas pelos Srs. Deputados.
Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.