26 DE ABRIL DE 2017
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Ao Governo português, nós, Os Verdes, o que exigimos é que governe para as pessoas, para o
desenvolvimento do País e que não esbarre na obsessão dos números, encolhidos para Bruxelas. Essa é uma
condição para a estabilidade do nosso País.
Uma última nota para dizer que foram tantos os portugueses que procuraram refúgio noutros países para
fugir à guerra colonial, outros para buscar melhores condições de vida. São cerca de 5 milhões as pessoas de
origem portuguesa espalhadas pelo resto do mundo. Temos, nós, mais do que a obrigação de compreender o
imperativo de desprezar ideias fascistas, racistas, xenófobas que erguem fronteiras de desumanidade, quando
exaltam o medo de refugiados ou o ódio aos imigrantes.
Sempre, sempre com a liberdade, a democracia, a paz, a justiça, a solidariedade, a igualdade, a fraternidade
no horizonte, são muitos os que trazem, como descreve José Fanha «o mês de Abril/ a voar/ dentro do peito».
Mas «não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam
ser pássaro» — Mia Couto.
Minhas senhoras e meus senhores, temos pressa de cumprir Abril!
Aplausos de Os Verdes, do PS e do PCP.
O Sr. Presidente da Assembleia da República: — Em representação do Grupo Parlamentar do PCP, tem
a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República,
Sr. Primeiro-Ministro, Sr. Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional, Capitães de
Abril, Srs. Convidados, Srs. Deputados: A Revolução de Abril de 1974 é o ato maior, o marco mais importante
da história contemporânea do nosso País.
Ato de libertação, explosão de alegria, movimento de conquista e de construção, de construção da paz, do
desenvolvimento, do progresso, construção dos direitos após décadas de opressão e de repressão, pelo que
daqui saudamos quem por eles se sacrificou e até morreu. Saudamos os militares de Abril que, imediatamente
secundados pelo povo, deram o tiro de partida desta gloriosa jornada de emancipação e libertação do nosso
País.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, o 25 de Abril de 1974 comprova de forma inequívoca que, com a força do
povo, não há barreiras intransponíveis. Havendo conjugação de vontades, conseguimos derrotar obstáculos que
pareciam impossíveis de ultrapassar.
O fascismo, com todas as suas estruturas de poder, opressão, instrumentalização do medo e exercício de
violência física sobre quem lhe fazia frente, não conseguiu parar o povo e o Movimento das Forças Armadas e
caiu redondo no chão.
O 25 de Abril não foi um acontecimento de geração espontânea, foi o culminar de um processo, foi o culminar
de anos e anos de luta que envolveu muitos democratas e que teve sempre na linha da frente os comunistas
portugueses que, desde a primeira hora, com coragem e determinação, enfrentaram a besta fascista.
Assim, queremos prestar a nossa homenagem aos «heróis supremos da batalha» e saudar todos aqueles
que lutaram, resistiram, foram presos, torturados e assassinados pelo fascismo. As suas vidas, os seus
sacrifícios não foram em vão; antes pelo contrário, lutaram e saíram vencedores, apesar de todas as
dificuldades.
Aplausos do PCP.
Hoje vivemos, no plano internacional, tempos muito difíceis. O crescimento do belicismo, a ameaça da guerra
e o não desligado crescimento dos movimentos fascistas devem merecer por parte de todos os democratas
particular atenção, preocupação, mas também ação e luta.
Assistimos hoje, no País e um pouco por todo o mundo, à tentativa de meter no mesmo saco o fascismo e
aqueles que mais lhe resistiram e que são também as suas principais vítimas. Além de ser uma infame mentira,
é um insulto aos milhares de comunistas que foram os primeiros a lutar e a morrer pela liberdade e pela
democracia. Mas, mais do que um insulto, este exercício constitui, objetivamente, uma tentativa de branquear o
fascismo.