28 DE ABRIL DE 2017
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No final do dia, assistimos a uma errância de políticas e de discurso, sem qualquer nexo ou coerência de
direção em relação ao futuro. Portugal precisa de muito mais do que isso.
Em apenas um ano de Governo já ouvimos de tudo: «É preciso voltar atrás», «Não, não vamos mexer mais
na lei laboral», «Afinal, negociaremos alterações, orçamento a orçamento».
Sr.as e Srs. Deputados, o País não é uma feira de gado e os portugueses não são, seguramente, as cabeças
de qualquer negociação de poder.
O que nós esperamos é a resposta a perguntas concretas que afetam as pessoas e que resultam da realidade
com a qual somos hoje confrontados.
Sr.as e Srs. Deputados, o tempo que nos é dado viver exige de nós mais do que isto; exige, certamente, aos
partidos mais do que olhar para trás ou olhar para a realidade de uma forma simplista.
Não, não vamos pôr as empresas contra os trabalhadores, precisamos de empresas e precisamos de dotá-
las de condições para se instalarem e ajudarem ao crescimento. Olhemos para aquelas que o fazem não à custa
dos trabalhadores, mas com os trabalhadores.
Pela nossa parte, pela parte do CDS-PP, é nisso que estamos empenhados e é para isso que contribuiremos
com propostas concretas que procurem dar passos na direção certa.
Mais do que uma política a retalho, queremos uma política positiva que integre a complexidade dos
problemas e responda ao concreto das necessidades da pessoas e das empresas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mercês Borges
Soares, do PSD.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Sr. Presidente, permita-me que, na sua pessoa, apresente o meu
pedido de desculpas a todas as Sr.as e a todos os Srs. Deputados, pela minha voz, mas tentarei ser clara.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Está como a minha, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Sr. Presidente, estou como o tempo!
Risos.
Debatemos hoje, neste Plenário, o trabalho noturno e por turnos.
O Grupo Parlamentar do PSD reconhece que se trata de uma matéria relevante. Não é fácil trabalhar fora do
nosso ritmo normal e biológico, isso tem alterações e implicações profundas na saúde das pessoas, mas tal
decorre da necessidade da sociedade e o próprio Código do Trabalho contempla o reconhecimento de que há
que dar a estes trabalhadores condições diferentes do que quando exercem as suas funções num horário
normal, ou seja, diurno e no mesmo turno permanente.
Mas também todos reconhecemos que o mundo vive uma mudança tecnológica profunda, rápida, de difícil
alcance pela nossa capacidade como ser humano, e não podemos ignorar que essa evolução tecnológica tem
implicações na organização do trabalho e na forma como o iremos desempenhar no futuro. Veja-se o caso da
digitalização e da crescente automatização.
Não posso deixar de reconhecer que o tema deve ser debatido e acolhido em todos os fóruns,
nomeadamente naquele onde devem ocorrer as alterações ao Código do Trabalho. Recordo a sede de
concertação social, onde foram feitas muitas ou quase todas as alterações ao Código do Trabalho — é lógico,
sem a participação da CGTP! Mas em democracia cada um tem a sua posição e em 43 anos de democracia
não me recordo de a CGTP ter subscrito outro acordo, além do acordo da formação profissional.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O do salário mínimo em 2006!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Por isso, os partidos que se reveem muito nessa central sindical
apresentam constantemente projetos de lei sobre matérias que querem ver alteradas.