I SÉRIE — NÚMERO 82
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Sr. Deputado Pedro Roque, tenho uma questão muito direta para si. Da última vez que o Partido Socialista
encetou esse diálogo social e obteve um acordo em sede de concertação social os senhores votaram contra o
mesmo neste Parlamento. O Partido Socialista, obtendo um novo acordo, em sede de concertação social, para
esta ou para outra matéria, irá ou não contar com o PSD? Ou o PSD irá falar sobre concertação às segundas,
quartas e sextas, para, depois, vir aqui, ao Plenário, votar contra qualquer acordo que se obtenha nessa
concertação, contrariando aquilo que aqui está defender?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roque.
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sr. Presidente, começo por saudar o Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, do
Partido Socialista, pelas perguntas efetuadas e por constatar algo que me agrada, que é o facto de o Partido
Socialista, pelos vistos, não considerar a concertação social uma câmara corporativa, o que já é uma diferença
muito importante e que registo com bastante agrado.
O Sr. Deputado acusou-me de fugir ao tema. Bom, não sei onde é que o Sr. Deputado estava quando foi a
intervenção do Partido Socialista, que andou à volta e fez tudo menos falar do tema! Portanto, foi uma
intervenção, eu diria, excecional, do ponto de vista técnico, mas, politicamente, fugiu completamente ao tema.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Portanto, deduzo das suas palavras que irão apoiar as iniciativas do Bloco de
Esquerda e do Partido Comunista Português. Foi isto que depreendi.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Quero vê-los a votá-las!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Fico um pouco surpreendido, mas gostava exatamente de saber onde é que
se situam: se, de facto, entendem que este é um tema tão importante, tão importante, que merece a pena
escapar de novo à concertação social, ou se, pelo contrário, acham que, eventualmente, como é um tema
importante, pode e deve ser lançado pelo Governo em concertação social para buscar um entendimento entre
os parceiros e, em fase ulterior, vir ao Parlamento, haver uma consulta pública e, portanto, seguir todo o
processo legislativo que é habitual.
Quanto ao tema da TSU (taxa social única), não fujo ao assunto, obviamente, e deixei-o para o fim de
propósito. Sr. Deputado, se tivesse sido outra pessoa qualquer a fazer a intervenção pelo Partido Social
Democrata e o senhor tivesse colocado essa questão, eu compreendia. Agora, a mim, enquanto líder de uma
estrutura do Partido Social Democrata, autónoma, ligada ao movimento sindical e ao mundo do trabalho, tendo
eu tomado a posição pública que tomei?!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Eu seria a última pessoa a quem o senhor deveria colocar esta questão.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sou a última pessoa a quem o senhor deveria colocar esta questão, porque
sabe exatamente qual foi a minha opinião nessa matéria, e essa não foi uma opinião pessoal, foi uma opinião
da estrutura que lidero.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!