I SÉRIE — NÚMERO 85
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O Programa Nacional de Vacinação, implementado em Portugal em 1965, tem representado, ao longo destas
cinco décadas, um marco importantíssimo para a redução da morbilidade e mortalidade associadas a doenças
infecciosas. Com caráter universal, geral e gratuito, foi uma peça fundamental para a obtenção de uma alta taxa
de cobertura populacional e contribuiu, de forma decisiva, para a proteção e controlo das doenças, a nível quer
individual quer coletivo.
As vacinas devem merecer uma adequação e atualização que acompanhem o desenvolvimento científico,
tecnológico e social.
De acordo com os últimos dados constantes do último Relatório Anual sobre o Acesso a Cuidados de Saúde
nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas (2015), estes vieram comprovar que a elevada taxa
de vacinação existente em Portugal contribuiu, indiscutivelmente, para a não verificação de qualquer contágio
provocado pelo vírus do sarampo. Diz o mesmo Relatório que «As taxas de cobertura vacinal para a VASPR
2…» — a vacina contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola — «… variaram entre 95% e 98% para
todas as crianças com 7 a 18 anos de idade, cumprindo-se um dos objetivos do Programa Nacional de
Eliminação do Sarampo (PNES) e os requisitos da OMS».
É precisamente por isso que Portugal tem um calendário de vacinação muito eficaz e uma taxa de vacinação
contra o sarampo de cerca de 96% da população, o que é,no mínimo, exemplar. Para este tipo de surtos se
transformarem em epidemias seria necessário que Portugal tivesse um nível de vacinação bem inferior e que
perdesse a chamada «imunidade de grupo». Ora,o surto de sarampo que tivemos em Portugal nos últimos
meses veio precisamente provar a eficácia do nosso Serviço Nacional de Saúde e do plano de vacinação
nacional. Foi por termos trabalhado tanto e tão bem nesta área que o impacto deste surto não foi maior.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista considera fundamental manter a tranquilidade pública em torno
desta matéria. Assim, e tendo por base um clima de grande serenidade, sem alarmismos, impõe-se um amplo
debate público que envolva a sociedade civil, a comunidade médica e a universidade, sobre as vantagens da
vacinação e desvantagens da não vacinação.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António Sales (PS): — Neste contexto, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, em sede de
Comissão Parlamentar de Saúde, já requereu um conjunto de audições para que se proceda a um cabal
esclarecimento sobre esta matéria. É fundamental promover campanhas que, de forma pedagógica e
informativa, esclareçam a população sobre a validade da vacinação incluída no Programa Nacional de
Vacinação, em particular no caso do sarampo, divulgando para o efeito informação nos ACES (agrupamentos
de centros de saúde), nas ULS (unidades locais de saúde) e nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. António Sales (PS): — Termino já, Sr. Presidente.
Esta realidade só será possível com um SNS cada vez mais forte, com maior equidade e mais sustentável,
que nos permita níveis de vacinação como os registados em Portugal.
Sr.as e Srs. Deputados, a vacinação já salvou mais vidas de crianças do que qualquer outra intervenção
médica.
Vacinar não é uma decisão individual. Vacinar é uma responsabilidade coletiva, um ato de cidadania e dela
depende a segurança de todos nós.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No final deste debate, o que
queríamos era, em nome do CDS, congratular-nos pela apresentação por parte do CDS destes dois projetos de