12 DE MAIO DE 2017
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Estamos a saudar a participação de Portugal desde o início, numa missão muito importante e, sobretudo,
com forças em números consideráveis. Foram mais de 6800 os soldados portugueses que lá participaram, foi
reconhecido o mérito dessa mesma participação e não foi só para garantir a segurança. Recordo que as forças
portuguesas também tiveram outros trabalhos, como a Comissão de Defesa Nacional teve a possibilidade de
observar quando visitou as nossas forças no local. As próprias forças portuguesas participaram em trabalhos
cívicos e apoios à população em outras áreas que não exclusivamente as da segurança.
Neste momento, no Kosovo, vive-se um processo de desenvolvimento económico e, lamento dizer isto aos
Srs. Deputados do PCP, mas — é indiscutível — não existem mais aquelas imagens de extermínio que víamos
e que, infelizmente, nos faziam recordar tempos da 2.ª Guerra Mundial e, apesar das tensões evidentes entre a
maioria kosovar e as minorias sérvias, a garantia da presença da KFOR e das Nações Unidas permitiu que,
neste momento, estas populações vivam em paz e segurança.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente: O que o voto faz é louvar a participação dos
portugueses e a forma exemplar como os nossos soldados o fizeram, garantido a paz — e queria recordar que,
infelizmente, um deles não regressou, porque morreu no Kosovo. É o que este voto faz, e muito bem!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE) — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O voto que agora é apresentado
está bastante distante da mera constatação de que chega ao fim a missão da NATO no Kosovo e bem distante
também da mera indicação de louvor aos serviços prestados pelas Forças Armadas portuguesas.
Se assim fosse teria o nosso apoio; como assim não é, não merece o nosso apoio.
Com isso não rejeitamos o louvor que deve ser dado aos militares e às militares portugueses que participaram
nesta missão. Há o reconhecimento das atividades que fizeram e o pesar pelo militar português que perdeu a
vida, mas nós não ignoramos a raiz deste conflito, a raiz das decisões internacionais que levaram à existência
da missão KFOR da NATO e a forma como serviu para a destruição de um país, tão-só foi este o resultado deste
processo.
Da parte do Bloco de Esquerda, desde o início, dissemos que estávamos perante a ingerência internacional
que visava espartilhar um país para que, dessa destruição, pudesse ser, depois, distribuído o poder político da
geopolítica local. Mantemos essa nossa avaliação. Os desenvolvimentos históricos, na nossa opinião, deram-
nos razão e mostraram também como, muitas vezes, as forças internacionais, particularmente as da NATO,
utilizam as tais bombas inteligentes, não separando os inocentes dos culpados.
Por aqueles que morreram às bombas da NATO, pela não utilização de bombas, que também deveriam ser
banidas, e não ignoramos a sua utilização no Kosovo, deveríamos mostrar algum tipo de solidariedade, coisa
que este voto do PSD e do CDS ignora. Ele está vincadamente marcado com as posições, que são conhecidas,
do PSD e do CDS sobre esta matéria e que o Bloco de Esquerda, agora como no passado, rejeita e não
acompanha.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Soares.
O Sr. João Soares (PS): — Sr. Presidente, apenas duas palavras para sublinhar que o Grupo Parlamentar
do Partido Socialista vota favoravelmente este voto por razões que têm a ver com a avaliação que faz quanto
àquilo que tem sido o trabalho dos nossos militares e das nossas Forças Armadas nas variadíssimas missões
de paz em que têm participado.