I SÉRIE — NÚMERO 87
40
O Sr. Secretário (Moisés Ferreira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Causou choque mundial a notícia da morte de 268 pessoas, entre elas 60 crianças, deixadas sem socorro
em tempo útil por parte das autoridades italianas e maltesas, que empurravam entre si a responsabilidade do
salvamento.
Estas pessoas morreram num naufrágio a 20 milhas náuticas de um navio militar italiano, a 61 milhas náuticas
da ilha italiana de Lampedusa e a 118 milhas náuticas de Malta.
O mundo ficou a saber, esta semana, que no dia 11 de outubro de 2013 a dolosa negligência de autoridades
europeias conduziu a um dos episódios mais tenebrosos da história europeia.
O Mar Mediterrâneo tornou-se um enorme cemitério. Os Governos europeus, as instituições europeias e a
NATO já o sabiam, quando tornaram ainda mais restritivas as políticas migratórias e de apoio aos refugiados.
Só no ano de 2016, 7800 migrantes perderam a vida no Mediterrâneo, às portas da Europa.
Em 2017, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 1300 pessoas que
fogem da guerra, da morte, da fome e da miséria, que legitimamente nos procuram para encontrar um futuro,
não alcançaram território europeu e morreram na travessia.
Os factos e a política que levou ao naufrágio sem socorro em que morreram 268 cidadãos sírios expõe a
insensibilidade da política europeia de refugiados.
Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, expressa o seu profundo pesar por todos os
refugiados que morreram na travessia do Mar Mediterrâneo e condena a negligência das autoridades italianas
e maltesas que, a 11 de outubro de 2013, protelaram o resgate a náufragos sírios, deixando à morte 268 homens,
mulheres e crianças.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, em relação aos votos que acabaram de ser aprovados, peço a todos que façamos 1 minuto
de silêncio.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Sr.as e Srs. Deputados, passamos ao voto n.º 296/XIII (2.ª) — De saudação pelo 1.º de Maio — Jornada
maior na luta dos trabalhadores (PCP), que vai ser lido pela Sr.ª Secretária, Deputada Idália Salvador Serrão.
A Sr.ª Secretária (Idália Salvador Serrão): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte
teor:
«Muitos serão os países que ao longo destes 131 anos têm marcos e conquistas históricas a assinalar com
origem nas lutas desencadeadas em Maio, a começar pelo operariado norte-americano que, no 1.º de Maio de
1886, apesar da chacina levada a cabo pelas autoridades, iniciou a marcha para a conquista das 8 horas de
trabalho diário e 48 semanais.
Em Portugal são marcos históricos na luta dos trabalhadores o 1.º de Maio de 1919, que conduziu à fixação
das 8 horas diárias e 48 semanais para o comércio e a indústria; o de 1962, dia em que se realizou a maior
jornada de luta dos trabalhadores contra o fascismo e em que se intensificaram as greves dos trabalhadores
agrícolas do Ribatejo e Alentejo até à obtenção das 8 horas diárias de trabalho nos campos; o de 1974, em que
os trabalhadores e o povo saíram à rua apoiando a Revolução do 25 de Abril; e o de 1982, em que os
trabalhadores do Porto, sob a repressão da polícia de intervenção que assassinou dois operários e feriu mais
de 100, defenderam a liberdade de manifestação na Praça da Liberdade.
Em 2017, os trabalhadores tomam nas suas mãos a defesa dos seus direitos e desenvolvem inúmeros
processos de luta que traduzem descontentamento, afirmam reivindicações, repõem e conquistam direitos.
Aumentar salários; reduzir e harmonizar horários com a vida dos trabalhadores e das suas famílias; criar e
garantir emprego com direitos e combater a precariedade; desbloquear e dinamizar a negociação e contratação
coletiva; revogar as normas gravosas da legislação laboral; defender os serviços públicos e as funções sociais
do Estado, são reivindicações proclamadas neste 1.º de Maio de 2017, na continuidade das razões por que, 131