I SÉRIE — NÚMERO 89
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do armazém temporário individualizado, que abre caminho para um eventual prolongamento da vida desta
central nuclear obsoleta e que comporta riscos para as populações e para o ambiente.
O recentemente tornado público relatório do grupo de trabalho técnico, criado na sequência da queixa a
Bruxelas, por parte do Governo português, e dos desenvolvimentos posteriores, designadamente a reunião
tripartida promovida pela União Europeia, com Portugal e Espanha, parece ter deixado tranquilos quer a APA
quer o Sr. Ministro do Ambiente.
A análise deste relatório, porém, não pode deixar tranquilas as populações, que temem pela sua segurança,
pela sua saúde e pelo ambiente. Desde logo, aquando da consulta pública do documento, as nove exposições
— já aqui citadas hoje — recebidas, que se pronunciaram todas contra a construção deste ATI, apresentando
argumentos que cobrem diferentes situações, desde a necessidade de proteção e controlo, a ocorrência de
eventos extremos, a possibilidade até de rutura da barragem de Valdecañas, entre outras, que não estão
previstas neste relatório.
As conclusões do grupo de trabalho também apontam falhas: falta de aprofundamento de algumas questões,
número reduzido e falta de continuidade de ensaios de permeabilidade, que poderão mesmo implicar uma
caracterização inadequada dos solos.
O próprio Conselho de Segurança Nuclear espanhol identificou lacunas que podem ser relevantes na
consideração de impactes potenciais, incluindo no território português.
Neste cenário, o PCP considera que há contradições entre a tomada de posição da APA e a tranquilidade do
Sr. Ministro, quando não estão na posse de todos os elementos que os habilitem a tomar uma decisão final,
como ficou provado nas conclusões do grupo de trabalho de técnicos.
Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Berta Cabral, todos temos demonstrado aqui as nossas preocupações sobre
as questões de Almaraz, sobre a construção do ATI e sobre quais poderão ser as consequências nefastas para
as populações e para o ambiente.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, ultrapassou o seu tempo. Peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Concluo de imediato, Sr. Presidente.
Em consequência, de acordo com a vossa posição — a posição do PSD e do CDS — relativamente a estas
preocupações, gostaria de saber o que é que foi feito durante o Governo ao qual pertenceu o partido de que a
Sr.ª Deputada Berta Cabral faz parte, numa altura em que, quiçá temporariamente, poderia ter resolvido esta
situação.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Gostaria ainda de saber o que consideram fazer perante a possibilidade de prolongamento de vida da central
nuclear de Almaraz e no respeito pela soberania dos Estados e pelo princípio da não ingerência. Que posições
pretendem tomar?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os
Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Berta Cabral, porque fui interpelada
diretamente pelo Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco, peço a sua compreensão para responder de imediato à
questão que o Sr. Deputado me colocou.
Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco, não tome os outros por aquilo que faz, porque o Sr. Deputado e o seu
partido tomam posições em função das circunstâncias.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Oh, oh!