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I SÉRIE — NÚMERO 89

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O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Berta Cabral, começo por saudá-la pelo

tema que escolheu e por sublinhar o conteúdo da resolução unânime que aprovámos aqui, na Assembleia da

República.

Nessa altura, a resolução sublinhava não a necessidade de estudos técnicos mas, sim, os riscos da presença

da central nuclear de Almaraz; não sublinhava a necessidade de perícias apuradas e sucessivos relatórios mas,

sim, os riscos presentes no funcionamento da central nuclear de Almaraz e do prolongamento da sua vida útil

muito para além daquilo que recomendam as normas internacionais.

Portanto, hoje, é importante lembrar esse conteúdo, porque ele foi unânime e, na altura, o alarmismo não

surgiu como uma sombra nesse debate. Soubemos ser unânimes no que mais importava: prolongar o

funcionamento da central nuclear de Almaraz é um perigo, é uma ameaça e é um abuso que o Estado espanhol

comete sobre a fronteira e sobre o rio Tejo, perante as populações portuguesas.

Mas gostava de me concentrar em duas questões concretas que queria deixar à Sr.ª Deputada.

Referiu-se, no final da sua intervenção, à cedência face ao poder e ao lobby das indústrias energéticas

espanholas. Bem sabemos que a Endesa, a Iberdrola e a Fenosa são intervenientes de primeiro plano no

sistema energético português, têm posições relevantíssimas no plano elétrico, no plano do gás e são até líderes

de mercado, nomeadamente no fornecimento aos grandes consumidores de eletricidade.

Assim, pergunto: considerado o peso destas empresas na energia, considerada a energia como um setor

altamente regulado, onde o Estado detém uma capacidade de decisão tão grande, que medidas julga que seriam

pertinentes o Estado português tomar, no âmbito das negociações que, permanente e necessariamente,

ocorrem entre o Estado e estes grandes intervenientes no sistema elétrico e de distribuição de gás, para que a

pressão portuguesa se possa efetuar e se possa conseguir resultados ao nível da relação direta entre o Estado

português, o Governo, de um lado, e a Endesa, a Gas Natural Fenosa e a Iberdrola, do outro lado? Deve ou não

o Estado português colocar em cima da mesa as condições de privilégio em que estas empresas hoje exercem

o seu negócio na eletricidade e no gás, no quadro das negociações sobre o encerramento da central nuclear de

Almaraz? Esta é a primeira pergunta.

A segunda pergunta tem a ver com o Governo espanhol. O PSD e o CDS estiveram quatro anos no Governo

e este não foi um assunto que, nessa altura, tivesse suscitado preocupação, mas isso está para trás e hoje,

felizmente, temos posições convergentes. Porém, à frente do Governo espanhol e na intenção de prolongar o

funcionamento da central nuclear de Almaraz está o Partido Popular, que é um dos principais partidos da família

política do PSD. A pergunta que lhe faço, Sr.ª Deputada, é esta:…

O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Estou a terminar, Sr. Presidente.

Sr.ª Deputada, que iniciativas tem previstas ou já tomou o PSD, junto desse partido irmão, no sentido de o

sensibilizar para, à cabeça do Governo espanhol, iniciar o processo de encerramento da central nuclear de

Almaraz?

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado João Torres.

O Sr. João Torres (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Berta Cabral, queria transmitir-lhe, em nome do

Grupo Parlamentar, que o PS continua a acompanhar o teor da resolução que foi aprovada nesta Câmara, no

que diz respeito a que sejam realizadas todas as diligências, tendo em vista a central nuclear de Almaraz. Sobre

esta matéria, nunca tivemos, nem temos, duas caras.

Mas queria também dizer-lhe, com toda a serenidade, e esta é uma questão muito importante, que não temos

hoje mais razões para estar preocupados em relação a este assunto do que tínhamos há dois meses, porque,

na sequência do processo que foi conduzido pelo Governo, dispomos hoje de toda a informação técnica que

nos permite apurar, com credibilidade, uma avaliação sobre o impacto da construção do ATI na central nuclear

de Almaraz.