I SÉRIE — NÚMERO 96
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Na verdade, o Cheque-Formação foi introduzido no nosso sistema no anterior Governo, mas sabemos que
tem ainda muito caminho a percorrer porque muitos mais trabalhadores quererão adotá-lo. São eles hoje que
procuram as formações e o plano de estudos que mais lhes interessa. Portanto, se aprofundarmos a liberdade
de escolha também neste âmbito, estaremos com certeza a ir ao encontro de soluções inovadoras que se
impõem pela realidade.
Mas o CDS está também atento a novos desafios que resultam do uso das novas tecnologias. A exigência
de estar sempre em linha, de estar sempre on-line, com a utilização das plataformas informáticas, leva a que o
trabalho muitas vezes se prolongue para além do razoável, ocupando tempos que deviam ser de descanso,
tempos que deviam ser para o trabalhador, tempos que deviam ser para a sua família.
É preciso, pois, consagrar o direito ao desligamento, que já está consagrado em alguns ordenamentos e que
faz todo o sentido que também seja introduzido no nosso ordenamento.
E se é verdade que esta matéria é da maior importância e responde a uma necessidade de humanismo, ela
não pode ser contraposta a outra medida que nós, no CDS, também já promovemos no passado, e na qual
insistimos, que é o uso e o recurso ao teletrabalho.
Se criado em condições rigorosas, se criado com um quadro legal claro em que não haja abusos, o
teletrabalho permite, na realidade, que o trabalhador possa conciliar com mais eficiência a sua vida profissional
e o tempo para a sua família, não necessitando muitas vezes de se deslocar à empresa.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — São abordagens como estas que introduzem um humanismo
que está ao alcance de todos nós, de todos os partidos, se tivermos a capacidade de não ver a política de um
modo sectário e, sobretudo, não inundarmos a realidade com ideologias que nada ajudam e nada favorecem os
trabalhadores.
Aplausos do CDS-PP.
Mas se é preciso inovar, se é preciso aprofundar o humanismo, é preciso também reformar.
Nos últimos tempos, o debate que temos vivido na Assembleia da República e no seio da maioria que suporta
este Governo é entre mais ou menos passado, é saber se recuamos ao tempo do pré-2009 ou do pré-2012.
É preciso superar esta conversa, uma conversa que lá fora ninguém entende.
O País não está no passado e também não estará no presente, porque, se não estiver no futuro, o presente
será passado e não interessará aos portugueses.
Por isso, o CDS apresenta uma proposta sobre a contratação coletiva que vá ao encontro de uma avaliação
concreta, que vá ao encontro daquilo que a realidade nos diz.
E se é verdade hoje que as medidas que foram introduzidas sobre a contratação coletiva estão a contribuir
— e muito — para o dinamismo deste mecanismo, se é verdade que, entre 2014 e 2015, há um aumento, em
mais de 100%, do número de trabalhadores que estão abrangidos por contratos coletivos, se entre 2015 e 2016,
esse aumento foi de 50% e se ainda ontem o Ministro Vieira da Silva dizia que já neste ano esse aumento é de
65%, o que temos de fazer não é pensar se mantemos o quadro do passado, mas é, sim, dar um passo à frente
e aprofundar essas reformas, para que esses aumentos possam ser multiplicados e nós possamos servir a
contratação coletiva e o futuro do dinamismo do trabalho.
Aplausos do CDS-PP.
Sr.as e Srs. Deputados, é dever da política melhorar, na medida do possível, as políticas viáveis para as
pessoas em concreto.
É isso que o CDS quer, é isso que o CDS propõe.
Esperamos que esta Câmara nos possa acompanhar.
Aplausos do CDS-PP.