I SÉRIE — NÚMERO 101
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também quanto às pessoas coletivas e aos órgãos de administração, e ainda, naturalmente, das pessoas
singulares a quem seja atribuída a função de responsável técnico pela atividade de intermediação de crédito.
Esta Diretiva é ainda conhecida como Diretiva de Crédito Hipotecário e pretende assegurar que todos os
consumidores que contraem crédito deste tipo para comprar imóvel são devidamente informados e protegidos
contra os riscos de incumprimento.
Sr.as e Srs. Deputados, a informação aos consumidores é crucial. Aliás, vimos isso na questão dos lesados
do Banif e também dos lesados do BES.
Temos, pois, de assegurar o fornecimento da melhor informação aos consumidores e não meramente de
mais informação, porque, como bem sabemos, esta não é sinónimo de qualidade. A informação tem que ser
entendível para o consumidor em geral, mesmo quanto ao chamado consumidor não qualificado. Para isso,
deve ficar claro que estes percebam qual é o produto que lhes é mais adequado. O que se percebe é
fundamental para a formação de cenários no que respeita aos juros variáveis e aos empréstimos em moeda
estrangeira, por exemplo, a fim de que estes consumidores fiquem alertados para as possíveis variações das
taxas de juro e impactos na sua capacidade de cumprimento das suas obrigações de reembolso, tal como se
refere na Diretiva.
No fundo, o que se pretende travar é o endividamento insustentável, através de regras mais apertadas ao
nível da comercialização de serviços deste tipo.
Na concessão de crédito hipotecário, como é o caso do crédito à habitação, temos de ter regras que garantam
que o cliente bancário recebe a assistência adequada por parte de quem empresta o capital e recebe os juros.
No fundo, há necessidade de um maior controlo desta atividade, para evitar situações problemáticas para os
consumidores.
Realço ainda uma questão que este diploma contem, que é a própria avaliação da execução do mesmo, o
que saudamos. É que, naturalmente, após este diploma entrar em vigor, para o que tem um prazo, está prevista
a avaliação da sua execução, o que é, naturalmente, algo de positivo deste anteprojeto de decreto-lei, que
esperamos que venha realmente a ser executado dentro do prazo que está previsto, para proteção dos
consumidores.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês
Domingos.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta proposta de lei que estamos aqui a
debater hoje visa transpor uma Diretiva da União Europeia relativa aos intermediários e consultores no ramo do
crédito.
É uma iniciativa que, obviamente, é muito importante, tendo em consideração que a dívida privada em
Portugal é muito elevada. No 1.º trimestre, encontrava-se acima de 400 000 milhões de euros, o que representa
220% do PIB (produto interno bruto). É, na verdade, um valor de dívida muito elevado no setor privado e que
pede uma maior responsabilidade em todo o processo de concessão de crédito em Portugal.
Por isso, Srs. Deputados, nesta situação particular da economia portuguesa, o que é muito surpreendente é
que o Governo tenha demorado mais de um ano após o prazo final de transposição desta Diretiva para,
finalmente, o fazer.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito competente!…
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Isto tem custos para todos os portugueses, e o prazo-limite de transposição
da Diretiva era em março de 2016. Estamos em junho de 2017, Srs. Deputados!
Este Governo atrasou as transposições de todas as diretivas, que ocorrem agora no triplo do espaço de
tempo em que ocorriam.
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Pois é! Alguém tem de recordar isto!