I SÉRIE — NÚMERO 110
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Durante o ano de 2016 muitas vezes se falou disto — aliás, o CDS fez várias perguntas sobre esta matéria
— mas os senhores estiveram todos calados, caladinhos. Foram muito vocais quando se tratava de dizer que a
estratégia orçamental estava a funcionar e que a austeridade tinha acabado mas, afinal, passado mais de um
ano, estão muito surpreendidos! Afinal, agora, perceberam que a austeridade não tinha acabado e tinham
andando a enganar as pessoas!
Sr.as e Srs. Deputados, Bloco de Esquerda e PCP só não souberam destes cortes se não quiseram saber,
se lhes convinha não saber, porque, para cada um fazer o seu discurso, era muito mais fácil passar cheques
em branco ao Governo e olhar para o lado em relação ao que estava a acontecer na realidade.
Para o PS foi muito conveniente dizer uma coisa e fazer outra, ou seja, dizer que a austeridade tinha acabado
ao mesmo tempo que punha em causa o funcionamento dos serviços públicos, e para o Bloco e para o PCP foi
muito conveniente fingir que acreditavam nisto tudo, viabilizando com o voto os cortes pela calada e, depois,
olhar para o lado de cada vez que nas escolas não havia dinheiro para consertar um telhado ou uma janela.
Sr.as e Srs. Deputados, o CDS tem um projeto em cima da mesa para repor a verdade e para repor a
transparência, para que, pura e simplesmente, os portugueses possam saber aquilo que, de facto, está a
acontecer e o voto favorável nesse projeto será a prova dos nove de quem, de facto, quer saber e quer discutir
com verdade e de quem quer continuar a fazer discursos muito bonitos, olhando para o lado em relação ao que
continua a acontecer na realidade.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há um ano, quando o PCP defendia o
aumento extraordinário de todas as pensões no valor de 10 €, não faltou quem dissesse que não havia
condições. No mês passado mais de 2 milhões de reformados viram a sua pensão aumentar em 10 e em 6 €.
Afinal é possível!
Apesar da norma do Orçamento do Estado de 2017 não corresponder à proposta do PCP, a verdade é que,
se não tivesse sido a persistente intervenção do PCP, os reformados não teriam o aumento extraordinário mas
uma atualização que, no máximo, atingiria os 2 €.
Agora, no início do ano letivo, serão concretizadas mais medidas positivas que resultam da proposta e da
contribuição do PCP, nomeadamente: a gratuitidade dos manuais escolares para os alunos do 1.º ciclo,
abrangendo cerca de 320 000 alunos, sendo que defendemos que, progressivamente, abranja todo o ensino
obrigatório até ao final da Legislatura; a reposição do apoio às visitas de estudo para os alunos com a Ação
Social Escolar; e a uniformização do calendário escolar do 1.º ciclo e da educação pré-escolar.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há inúmeras preocupações neste início de ano letivo no que respeita à
colocação dos professores, à contratação dos técnicos especializados, psicólogos e dos assistentes
operacionais, ou aos elevados custos com a educação a suportar pelas famílias.
No processo de vinculação e subsequentes procedimentos de contratação de professores registam-se
diversas insuficiências, erros e injustiças que urge serem corrigidas.
A não consideração dos horários incompletos na mobilidade interna, pela primeira vez em 11 anos, sem
qualquer informação prévia e a alteração das prioridades na colocação de professores conduziram a distorções
com professores com graduação superior a não conseguirem uma maior aproximação à residência, deixando
evidente que o concurso único por graduação profissional como propomos é a solução.
Até ao momento, mais de 26 000 professores continuam desempregados quando as escolas deles precisam
para desenvolver projetos e atividades de combate ao insucesso e ao abandono escolar.
Lamentamos que o Governo tenha decidido renovar automaticamente os contratos com os técnicos
especializados na educação somente para aqueles que têm horário anual e completo, deixando de fora a
esmagadora maioria de profissionais que suprem necessidades permanentes nas escolas, sabendo-se que a
maior arte só entrou no final de setembro, outubro ou novembro.
A renovação do contrato abrange somente 5% dos cerca de 4000 técnicos especializados, não restando
outra solução se não submeterem-se a novo procedimento concursal quando desempenham funções há 10, 15
ou 20 anos na mesma escola.