8 DE SETEMBRO DE 2017
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Termino manifestando uma crença muito grande no futuro da Venezuela: a Venezuela é um grande país, a
Venezuela é um país amigo de Portugal, na Venezuela há uma grande comunidade portuguesa e só desejamos
que rapidamente supere os seus problemas.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa, do Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda, para uma intervenção.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A chamada «Assembleia Nacional
Constituinte» da Venezuela decidiu, a 18 de agosto, chamar a si os poderes do Parlamento e — cito — «assumir
as competências para legislar sobre as matérias relacionadas com a preservação da paz, a segurança, a
soberania, o sistema económico e financeiro, os propósitos do Estado e da proeminência dos direitos dos
venezuelanos» e ainda se atribuiu a faculdade de ditar atos parlamentares sem forma de lei vinculados a estas
matérias.
Estas decisões, como já vem sendo hábito, foram tomadas por unanimidade e aclamação, mas, mesmo que
fossem verdadeiros os dados mais que duvidosos que foram fornecidos pelo Conselho Nacional Eleitoral da
Venezuela sobre a participação eleitoral na origem desta Constituinte, ela não representaria a maior parte dos
venezuelanos. A Assembleia Constituinte aprovou e deu a si própria um prazo de dois anos para concluir o seu
trabalho, que consiste na substituição da Constituição Bolivariana de Hugo Chávez — o mesmo Hugo Chávez
que precisou de apenas seis meses para a redigir e aprovar.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Pois bem, por um lado, não deixa de ser surpreendente encontrar entre
aqueles que sempre rejeitaram o Governo de Hugo Chávez, sempre criticaram as alterações na Venezuela,
sempre atacaram a Constituição venezuelana os seus maiores defensores de última hora. É isso que hoje aqui
o CDS faz: invoca a Constituição, mas é a Constituição que Hugo Chávez aprovou, a Constituição Bolivariana
da Venezuela, que hoje está sob a ameaça de Nicolás Maduro.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Isto é a consequência de Chávez!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — É também extraordinário ouvirmos os nomes dos presos políticos
venezuelanos vindos da mesma bancada que, quando se trata dos presos políticos em Angola, quando se trata
da ditadura angolana, se lembra da sua própria história, das críticas que fez a Angola, ao regime angolano, ao
Governo do MPLA no passado. Afinal, quem mudou de posição foi o CDS.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Está muito enganado!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — O antigo parceiro da UNITA em Portugal tornou-se num dos maiores
aliados do regime angolano em Portugal e num dos que compactuam com o silêncio sobre as perseguições
políticas em Angola.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — É verdade!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Mas não é só a Constituição venezuelana que está sob ameaça neste
momento, são também as conquistas sociais que avançaram durante o Governo de Hugo Chávez, são também
os avanços em matéria de distribuição da riqueza que ao longo dos anos sucederam na Venezuela. Isto é o