8 DE SETEMBRO DE 2017
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Santos, do Grupo Parlamentar do PS, para uma
intervenção.
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O agudizar da situação na
Venezuela tem motivado uma série de debates neste Parlamento, na Comissão de Negócios Estrangeiros e
mesmo hoje, aqui, em Plenário.
Retomo um pouco as palavras do Sr. Deputado Telmo Correia para dizer que, de facto, como acabámos de
ver, divergimos todos quanto às causas do conflito que se vive na Venezuela e divergimos, provavelmente, até,
quanto a alguns dos pontos da sua solução. Mas há algo em que convergimos, seguramente, todos: na
preocupação com a situação humanitária que se vive neste momento na Venezuela, com o nível de sofrimento
a que o povo venezuelano está a ser sujeito e com o nível de sofrimento a que a comunidade portuguesa sediada
na Venezuela e os lusodescendentes estão a ser sujeitos. E este é que deve ser o grande ponto de partida desta
discussão.
Foram também aqui levantadas algumas questões pelo Sr. Deputado Telmo Correia, nomeadamente quanto
à posição do Partido Socialista e do Governo português. A posição do Partido Socialista tem sido clara e
coerente; é uma posição responsável de defesa e proteção dos interesses da comunidade portuguesa e de
defesa de uma situação de transição para uma situação pacífica e democrática na Venezuela. É esta a sua
posição sem tibiezas, sem desistências.
Sr. Deputado, porque também lançou questões sobre o plano de contingência, quero responder-lhe que
existe e foi já apresentado na Comissão de Negócios Estrangeiros e, por várias vezes, foi lá debatido, quer na
presença do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, quer na presença do Sr. Secretário de Estado das
Comunidades Portuguesas. Foi discutido, seguramente, de uma forma responsável, porque, como bem percebe,
quando estão em questão matérias que têm a ver com a segurança e com a emergência, há uma forma
responsável de tratar estes assuntos e que não permite, por vezes, que falemos demais.
O assunto está tratado, o plano existe e o Governo estará pronto, a qualquer momento, para dar uma resposta
aos portugueses que estão na Venezuela e aos lusodescendentes.
Quero também aqui lembrar o plano que existe, neste momento, de apoio — com reforço, até, dos serviços
consulares e dos serviços diplomáticos na Venezuela — àqueles que permanecem na Venezuela, mas também
o trabalho que está a ser feito com todos os portugueses e lusodescendentes que decidiram regressar a Portugal
ou emigrar para outros países, nomeadamente países de língua espanhola.
Esse trabalho está a ser feito, inclusive, em coordenação com o Governo Regional da Madeira, porque, como
bem sabemos, a maioria destes portugueses tem as suas raízes na Madeira, onde tende a regressar. Esse
trabalho está a ser feito na Madeira, mas também no todo nacional, com a segurança social preparada para uma
resposta específica a estes problemas.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Queremos só saber como, quando e números.
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Se me derem 20 ou 30 minutos para debate, terei todo o gosto em fazer isso
com o Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Haverá mais debates!
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Portanto, Sr. Deputado, o trabalho está a ser feito, o trabalho está no terreno
e não vale a pena entrar em manobras de dilação e tentar despistar e divergir daquilo que é fundamental.
Neste momento, o Partido Socialista insta o Governo a continuar este trabalho de apoio à comunidade
portuguesa, quer à que se encontra na Venezuela, quer à que regressa ao nosso País, e ainda a continuar o
trabalho de coordenação com a União Europeia, no sentido da abertura de canais de diálogo com as autoridades
venezuelanas que conduzam ao diálogo entre essas autoridades e a oposição, de forma a que se faça uma
transição para o respeito pelo regime democrático, o respeito pelos direitos humanos, pela liberdade política, de
expressão e de reunião e o respeito integral pelo Estado de direito.
Aplausos do PS.