I SÉRIE — NÚMERO 3
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ai é?!…
Risos do Deputado do BE José Moura Soeiro.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — … como sempre contaram.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Desde quando?!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — E se houver necessidade…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que termine, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como eu dizia, se houver alguma necessidade de clarificar a lei, para isso, sim, estamos, como sempre
estivemos, disponíveis para clarificar a lei.
Não atirem areia para os olhos dos trabalhadores.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda
tomou a iniciativa de agendar alterações ao Código do Trabalho para modificar o regime jurídico aplicável à
transmissão de empresas e estabelecimentos. Dizem os autores que, com esta iniciativa, irão resolver os
problemas dos trabalhadores da PT.
Sejamos claros: a situação dos trabalhadores da PT preocupa o CDS há já bastante tempo. Aliás, desde o
tempo em que um governo PS foi cúmplice na destruição da empresa. E o que pretende o Bloco de Esquerda
com estas propostas? Criar um sistema de controlo da economia portuguesa que claramente viola a
Constituição.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Ai é?!…
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — A transmissão, a venda de uma empresa ou estabelecimento
passa a depender da autorização do Governo, de um parecer vinculativo do Governo, ou seja, viola o artigo 62.º
da Constituição, que consagra o direito à propriedade privada e à sua transmissão.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Mais: a lei só se aplicará para o futuro, pelo que não resolverá
o problema que os trabalhadores da PT têm hoje. Aliás, é a atividade inspetiva, e uma atividade inspetiva eficaz,
que pode produzir efeitos. Se há uma violação da lei, como dizem, fiscalizem. Os senhores é que são o Governo.
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Não deixamos de registar que PS, PCP e PAN arrastaram,
aliás atrelaram, as suas iniciativas a tão desgraçada locomotiva, sem consulta pública, obrigatória, sem irem à
concertação social, procurando simular que têm mais preocupações que nós com os trabalhadores da PT.
Onde fica a declaração do Sr. Primeiro-Ministro, de que é boa altura para estabilizar a legislação do trabalho?
E a palavra do Sr. Primeiro-Ministro de que não haveria alteração da legislação laboral sem ir a concertação
social? Não era palavra dada, palavra honrada?! Acho que ficamos esclarecidos quanto ao que vale a palavra
do PS.