I SÉRIE — NÚMERO 4
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Mas, atenção, ultimamente têm surgido notícias que dizem que Portugal é uma nova rota de tráfico de
crianças africanas. Desde março que o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) detetou cinco vítimas
menores no aeroporto de Lisboa. Há que dar atenção a este crime, especificamente.
O crime de extorsão foi o que mais aumentou em Portugal. Os crimes de maus tratos e de abandono de
animais de companhia, devido à alteração legislativa, também aumentaram significativamente.
No domínio da sinistralidade rodoviária, onde ultimamente foram introduzidas pelo Governo medidas
legislativas, é de realçar o aumento de mortes na estrada em cerca de 35, em igual período do ano anterior. É
urgente perguntar para quando uma avaliação desta medida, que foi uma alteração significativa.
Estes dados, traduzidos em números, devem merecer a nossa atenção e o nosso parecer, para que o
Governo veja bem as alterações estratégicas que tem para os atenuar.
Assim, no tratamento individualizado da criminalidade, o Relatório aborda as ameaças globais à segurança.
Diz o Relatório que, nos últimos anos, têm vindo a ser recebidos e avaliados indícios que dão conta do
agravamento de alguns fatores de risco, alguns já detetados no nosso País.
Em «Orientações Estratégicas para 2017», consta a prioridade de execução da Estratégia Nacional de
Combate ao Terrorismo. Assim, urge perguntar o seguinte: com base nestas preocupações, cada vez mais
atuais, não é necessário e urgente restabelecer a normalidade nos serviços de informação da República
Portuguesa? Para quando a eleição dos órgãos em falta? Para quando a normalização dos serviços do Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras nos aeroportos? Para quando a entrada em velocidade cruzeiro do ponto de
contacto?
E, em matéria de atribuição e aquisição da nacionalidade portuguesa, onde se registam aumentos
significativos de pedidos de nacionalidade, não foi arriscado introduzir sucessivas alterações à lei? O SEF
entende que as alterações são más e que o regime anterior era equilibrado.
E na prevenção do combate aos incêndios florestais, a realidade deste ano não merece mais atenção no
planeamento futuro desta prevenção e combate aos fogos?
Mais do que uma análise aos dados recolhidos em 2016, é necessário referir se as orientações estratégicas
apontadas pelo Governo neste Relatório resolvem ou atenuam estas preocupações, que ainda se mantêm na
sociedade portuguesa.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do Partido
Socialista, a Sr.ª Deputada Susana Amador.
A Sr.ª Susana Amador (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: A sociedade atual está sujeita a uma complexidade crescente
dos fenómenos criminógenos, o que implica que a segurança seja objeto de trabalho integrado, de reconstrução
e de evolução constante e inteligente, por forma a prevenir e a combater eficazmente a criminalidade e manter
níveis de segurança adequados e elevados, como reflete o Relatório de Segurança Interna de 2016, que hoje
aqui apreciamos. Enquanto bem coletivo de inegável valor social, a segurança pública assume crescentemente
elevada relevância económica.
Sabemos bem que a capacidade de garantir segurança é fonte de desenvolvimento da nossa Pátria.
Portugal é hoje um dos países mais seguros do mundo, de acordo com o Global Peace Index, do Instituto for
Economics and Peace, dado revelador de que o Estado português tem assegurado com competência a defesa
da legalidade democrática e dos direitos dos cidadãos, à luz do artigo 272.º da Constituição.
É assim de inteira justiça elogiar e saudar todos os homens e todas as mulheres que diariamente ao serviço
das forças de segurança e órgãos de polícia criminal — na PSP (Polícia de Segurança Pública), na GNR (Guarda
Nacional Republicana), no SEF, na PJ (Polícia Judiciária), na Autoridade Marítima Nacional e no Sistema de
Coordenação — garantem a ordem, a segurança e a tranquilidade pública de todos os portugueses e de todas
as portuguesas.
Aplausos do PS.