I SÉRIE — NÚMERO 4
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O Sr. Deputado Telmo Correia ri-se. Acho que tem razão para sorrir, tendo em conta as consequências
positivas dessa alteração legislativa, mas já não tem muita razão para sorrir se se lembrar que o CDS se opôs
a ela.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, obviamente que há preocupações. Os índices que aqui são relatados no que
concerne à violência doméstica apontam para a necessidade de se intensificar o combate a essa forma de
criminalidade, a sua prevenção e, obviamente, também a sua repressão.
A existência de outro tipo de crimes, designadamente novas formas de criminalidade, como a
cibercriminalidade, que vai tendo uma importância cada vez maior, e, obviamente, os números relativos ao tráfico
de seres humanos suscitam a maior das preocupações e há que continuar a dar uma grande atenção à
necessidade de reduzir os índices de criminalidade, porque, apesar de haver uma diminuição, continua a haver,
naturalmente, uma criminalidade significativa, relativamente à qual não nos é permitido baixar a guarda.
Relativamente aos efetivos, há questões que devem ser colocadas: continuamos a verificar que em algumas
forças policiais há uma manifesta exiguidade de efetivos, designadamente no que se refere à Polícia Marítima
e ao SEF. Apesar de no SEF se ter verificado o ingresso de 90 inspetores estagiários em 2016, continua a haver
uma manifesta carência de efetivos, incompatível com as responsabilidades de que este serviço de segurança
está incumbido.
É também com preocupação que vemos que, relativamente a 2016, se verificou um ligeiro aumento de
efetivos na GNR — e quando falo em aumento, falo na diferença entre as saídas e as entradas —, mas há um
grande défice de efetivos na PSP, em que 832 saídas só foram compensadas com 446 entradas, o que significa
uma redução de quase 400 efetivos nesta força de segurança.
Portanto, esta ainda é uma preocupação que temos de manter, até porque a idade relativamente avançada
dos efetivos das forças de segurança, e que vai avançando, obviamente, em termos médios, obriga a um grande
esforço na renovação dos efetivos, particularmente daquelas forças de segurança que têm maiores
responsabilidades, dado o âmbito territorial de atuação, que são a PSP e a GNR. Portanto, esta é uma
preocupação que subsiste.
Já agora, para terminar, diria que não basta elogiar o esforço que estes profissionais fazem no combate à
criminalidade — nunca é demais elogiá-los —, há que compensá-los também pelo seu trabalho e, efetivamente,
a reposição de direitos a estes profissionais não deve ser esquecida. Quando falamos de níveis salariais, da
necessidade de ter atenção aos horários de trabalho, às promoções, não podemos esquecer que estes
profissionais também merecem a melhor das nossas atenções.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, o
Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos
Parlamentares, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Queria começar por dizer que, de facto, e como sublinhou
agora mesmo o Sr. Deputado António Filipe, eu sorri, mas fi-lo por duas razões que me parecem razoáveis e
interessantes, Sr. Deputado.
Em primeiro lugar, e independentemente da bancada onde nos possamos sentar neste Hemiciclo, a
tendência estrutural, a tendência determinante para que Portugal tenha, há uns anos a esta parte, a
criminalidade a descer e para que essa criminalidade global continue a descer — chegamos aqui com uma baixa
de 7,1% na criminalidade geral participada — é algo que nos deve alegrar a todos e que, obviamente, não
negamos. Não negamos a realidade, achamos positivo e muito relevante, e esta é a primeira razão para sorrir.
Em segundo lugar, o Sr. Deputado António Filipe tenta ver nessa mesma realidade um enorme mérito no
Governo — de resto, ainda bem que há alguém na sua bancada que continua a ver tantos méritos nesta solução
governativa e nesta geringonça, alguém teria de ser! —, mas de facto, como aqui foi dito e a própria Sr.ª Ministra
começou por dizer, esta é uma tendência que vem muito de trás, há muitos anos que assim é. Portanto, não
vale a pena criar a ilusão de que há grandes mudanças e de que houve grandes alterações, porque não foi
assim, Sr. Deputado.