I SÉRIE — NÚMERO 4
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O PCP apresentou estas propostas para que pudessem constar do relatório, evidenciando o confronto que
existe entre as imposições europeias e o interesse nacional, nomeadamente no que toca à estabilidade do
sistema financeiro.
Infelizmente, o relatório acabou por não ser aprovado por um golpe administrativo do PSD, que tentou
precipitar a votação, e acabaram por ficar apenas três pontos, pontos nos quais, curiosamente, o PCP se revê
e que votou a favor.
Termino, Sr. Presidente, salientando um desses três pontos, aquele que afirma que a Caixa Geral de
Depósitos deve manter-se como banco público. Srs. Deputados — e porque as máscaras que caem também
precisam de ser relembradas —, o PSD votou contra esse ponto. O mesmo PSD que andava a dizer que, afinal,
não defendia uma Caixa privada é aquele que vota contra um ponto que diz que a Caixa deve ser pública. E
quem vota contra uma Caixa pública quer uma Caixa privada.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, a Mesa continua a aguardar inscrições por parte
dos restantes grupos parlamentares.
Não havendo inscrições, a Mesa decidirá, naturalmente, passar ao ponto seguinte, uma vez que não
podemos esperar tanto tempo.
Pausa.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia.
O Sr. JoãoPauloCorreia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são
para cumprimentar o Sr. Deputado Carlos Pereira, relator desta Comissão de Inquérito, que fez o seu trabalho
de forma séria, empenhada e dialogante na elaboração do relatório que apresentou à Comissão.
O PSD e o CDS usaram esta Comissão Parlamentar de Inquérito para atacar a capitalização pública da Caixa
Geral de Depósitos, defendendo o que sempre sonharam fazer, que é privatizar a Caixa.
Aplausos do PS e do Deputado do PCP Miguel Tiago.
Este ataque permanente à Caixa como banco público é motivado por razões ideológicas e de tática política.
Por razões ideológicas, porque a direita sempre teve o velho sonho de privatizar um conjunto de ativos públicos,
entre os quais a Caixa Geral de Depósitos. Por razões de tática política, porque a direita percebeu que a
capitalização e o fortalecimento da Caixa Geral de Depósitos seriam um bem essencial para o modelo de
crescimento do atual Governo.
Desde a chegada de Pedro Passos Coelho à presidência do PSD que a direita se manifestou logo com a
intenção de privatizar a Caixa Geral de Depósitos. Recordamos, pois, as declarações de Pedro Passos Coelho
no sentido de que era necessário abrir a Caixa a privados ou dispersar parte do capital da Caixa da bolsa de
valores. O anterior Governo, do PSD e do CDS, tudo fez para fragilizar a Caixa e abri-la a privados.
Recordamos a capitalização de 2012 e de 2013, que foi feita pelos mínimos regulatórios. Não prepararam a
Caixa para apoiar urgentemente as pequenas e médias empresas, não prepararam a Caixa para uma recessão
prolongada. O Estado emprestou dinheiro à Caixa Geral de Depósitos, tendo o anterior Governo forçado a Caixa
a pagar 90 milhões de euros de juros por ano ao Estado, sabendo que essa seria uma tarefa difícil para as
administrações da Caixa Geral de Depósitos. Essa foi a razão que levou o ex-administrador da Caixa, o Dr.
Nogueira Leite, a demitir-se, pois não acreditou nesse processo de capitalização.
O anterior Governo escondeu os problemas da Caixa na mesma gaveta que escondeu os problemas do
BANIF, por razões de agenda eleitoral, as legislativas de 2015, e também porque queria provar o que se veio a
descobrir, que tinha pés de barro, que foi a «saída limpa».
Aplausos do PS.