I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Termino já, Sr. Presidente.
Percebemos claramente que na parte em que o Partido Socialista prefere trocar os argumentos pela
vocalidade — prefere ser muito vocal com falta de argumentos — certamente que tem a ver com uma resposta
negativa, a de que, infelizmente, hoje, do ponto de vista das políticas públicas e do apoio às empresas, estamos
pior do que estávamos no passado.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Não estamos não! Estamos em retoma!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Não há
conhecimento nem criação de valor sem profissionais devidamente valorizados. Mas sobre pôr fim à
precariedade que grassa no Sistema Científico e Tecnológico Nacional para valorizar os investigadores
integrando-os na respetiva carreira de investigador científico, o PSD não tem uma palavra. Propõe alterações a
carreiras profissionais ultrapassando a necessária negociação coletiva com as organizações representativas
dos trabalhadores.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, nenhum sistema público de investigação e ciência se pode construir com
base na desvalorização do trabalho, imposição de trabalho não remunerado e na ausência de direitos
fundamentais no trabalho e na vida.
A ciência tem vindo a apresentar níveis elevados de precariedade, fruto de anos de políticas de direita, de
desinvestimento, de cortes, nos recursos humanos, no congelamento de carreiras e de salários, e na utilização
de bolseiros de investigação, sujeitos a sucessivos contratos, desvalorizando o trabalho científico para suprir as
necessidades permanentes dos laboratórios associados, dos laboratórios do Estado e das instituições do ensino
superior.
Com o processo de apreciação parlamentar do Decreto-Lei n.º 57/2016, de 29 de agosto, foram dados passos
no sentido de assegurar maior estabilidade na contratação, a alteração do financiamento da FCT de três para
seis anos e a equiparação da remuneração líquida mensal dos investigadores à carreira de investigação
científica.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, o PCP considera que poderíamos ter ido mais longe no sentido de
combater a precariedade no trabalho científico e continuaremos a bater-nos pelos direitos destes trabalhadores,
mas ficou aqui bem claro que não é com o PSD que poderemos contar para atingir esse desiderato.
Aplausos do PCP.
Efetivamente, não foi ainda dada resposta cabal a uma parte significativa de trabalhadores do Sistema
Científico e Tecnológico Nacional, que mantêm com a instituição onde trabalham uma relação baseada em
vínculos precários, correndo de bolsa em bolsa, de projeto em projeto, há 10, 15, 20 anos, sem qualquer
proteção nem direitos, quando estão a suprir necessidades permanentes das instituições.
Esta é uma forma de precariedade inaceitável e deve constituir uma prioridade de intervenção. Por isso,
temos proposto a substituição do regime de bolsas atualmente vigente por contratos de trabalho que garantam
um efetivo vínculo entre o investigador e o centro de investigação onde presta trabalho.
Reafirmamos ainda que, para o PCP, o sistema científico e tecnológico nacional não pode sobreviver sem
um corpo de trabalhadores que tenham um vínculo de trabalho efetivo com direitos como condição essencial
para uma vida profissional, pessoal e familiar estável e para um futuro digno.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Agradeço à Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira por ter cumprido o tempo de que
dispunha.