I SÉRIE — NÚMERO 11
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a opção de redução acelerada do défice orçamental condiciona a disponibilização aos organismos do Estado
dos meios humanos, materiais e financeiros adequados ao seu normal funcionamento e à melhoria dos serviços
prestados às populações.
É uma evidência que os serviços públicos enfrentam dificuldades por via da escassez dos meios colocados
à sua disposição. Na saúde, na educação, na segurança social, nos transportes públicos, na cultura ou na justiça
há problemas que poderiam ser ultrapassados mas esbarra-se nas opções do Governo relativamente à redução
acelerada de défice orçamental.
A ideia do défice mais baixo da nossa democracia tem como reverso menos investimento público, ritmo mais
lento no processo de reposição de direitos e rendimentos e serviços públicos menos capacitados para darem
resposta aos problemas das pessoas.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, com a aprovação da proposta do PCP a Assembleia da República passará
a dispor de mais informação sobre a execução orçamental, incluindo as cativações, informação que o PCP
utilizará com o objetivo de assegurar que o Orçamento do Estado dê uma melhor resposta aos problemas dos
trabalhadores, do povo e do País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Duarte Pacheco.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em matéria orçamental, este
Governo caracteriza-se por uma política de máscara, de atirar areia para os olhos das pessoas.
É muito fácil inscrever uma verba no Orçamento, recolher apoios unânimes de sindicatos, de instituições,
dos partidos políticos nesta Casa, de comentadores e depois executar aquilo que lhe dá na cabeça, ou seja,
muito menos do que aquilo que inscreveu em sede orçamental,…
Protestos do PCP.
… e só tomarmos conhecimento disto seis meses depois de terminar a execução orçamental.
Isto ficou claríssimo no ano de 2016. Para ter o apoio parlamentar maioritário, inscrevem-se as verbas
simpáticas que os partidos que suportam o Governo desejam ver, depois gasta-se muito menos, ou seja, menos
1000 milhões de euros. Dizem alguns partidos que «foi sempre assim, que no passado os senhores também o
fizeram, quando estiveram no Governo».
Mas aí temos de ser claros e sérios relativamente a duas matérias. Em primeiro lugar, foi afirmado que a
política de austeridade e de cortes tinha terminado e que, portanto, a política anterior, de cativações e de cortes,
jamais se iria repetir nestes bons tempos que agora vivemos. A máscara caiu!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Segunda matéria: foi afirmado que as cativações anteriores, que chegaram
a passar os 500 milhões de euros em momentos de crise eram insuportáveis para a qualidade dos serviços.
Pois agora chegam ao dobro, a 1000 milhões de euros! Se as outras eram insuportáveis, o que são estas, Srs.
Deputados?!
Aliás, é esta realidade que faz com que o próprio PCP, no preâmbulo do seu projeto de resolução, diga que
isto pôs em causa a qualidade dos serviços públicos — verdade! — ou que o Bloco de Esquerda diga que o
Ministro das Finanças não estava mandatado para fazer este volume de cativações, sendo perante estes factos
que se torna fundamental esta iniciativa.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
É preciso repor transparência e verdade na discussão orçamental. Por isso, saudamos a iniciativa do CDS e
esperamos que quem quer transparência e verdade não se esconda em subterfúgios para não a votar
favoravelmente.