I SÉRIE — NÚMERO 11
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propõe o reforço da fiscalização e propõe que volte a ser obrigatório o envio dos horários para a Autoridade para
as Condições do Trabalho, obrigatoriedade que o PSD e o CDS eliminaram quando reviram a lei laboral.
Finalmente: é esta a única intervenção a fazer sobre esta matéria? Com certeza que não.
Sabemos como o PSD e o CDS diminuíram para metade o valor do trabalho suplementar, como flexibilizaram
os horários, por via do banco de horas, como diminuíram, fragilizaram, a contratação coletiva. E é sobre cada
uma destas matérias, e repondo os direitos dos trabalhadores, que o CDS e o PSD fragilizaram em 2012, que é
preciso intervir. Fazer esta intervenção sem atender a estes outros aspetos seria, evidentemente, um ato de
hipocrisia.
É por isso que o Bloco de Esquerda, que apresenta hoje este projeto e que agendou este debate, tem tido
também o conjunto de iniciativas que se conhece sobre todas estas matérias.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Fica assim concluído este ponto da nossa ordem de trabalhos.
Prosseguimos com o terceiro ponto da ordem do dia, a discussão conjunta, na generalidade, dos projetos de
lei n.os 571/XIII (2.ª) — Altera a Lei n.º 151/2015, de 11 de setembro (Lei de Enquadramento Orçamental) (CDS-
PP) e 638/XIII (3.ª) — Assegura a divulgação pública da utilização de cativações nos orçamentos das entidades
que integram a administração direta e indireta do Estado (primeira alteração à Lei n.º 151/2015, de 11 de
setembro — Lei de Enquadramento Orçamental) (PCP).
Tem a palavra, para uma intervenção de apresentação da iniciativa legislativa do CDS-PP, o Sr. Deputado
João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A matéria das
cativações, sendo um instrumento de gestão orçamental, nunca foi tão discutida quanto este ano e no ano
passado, designadamente no que diz respeito à execução orçamental de 2016.
Este facto resulta de uma opção que o Governo tomou de seguir um caminho que nunca tinha sido seguido
em relação a este instrumento de gestão orçamental.
Basicamente, o que aconteceu de diferente em 2016 foi que o Partido Socialista, no Governo, cativou mais
e descativou menos, ou seja, aumentou a margem de discricionariedade do Governo em relação à despesa que
tinha sido aprovada por este Parlamento e, com esta margem de discricionariedade, tornou mais opaca a gestão
do Orçamento.
Resumindo, aquilo que foi aprovado neste Parlamento foi mais diferente do que nunca daquilo que acabou
por acontecer na realidade e é impossível dissociar esta realidade daquilo que depois vimos, pontualmente, em
serviços públicos que colapsaram, em prestações públicas que falharam e em missões de serviço público que
deixaram de ser cumpridas.
Dirão aqueles que defendem o Governo: «não tem nada a ver uma coisa com a outra». Pois então vamos
ser transparentes e vamos ver se tem ou se não tem, vamos permitir que o Parlamento fiscalize a gestão destas
cativações para sabermos se, efetivamente, há ligação entre aquilo que foi aprovado pelo Parlamento e que não
foi autorizado pelo Ministério das Finanças que se gastasse e aquilo que falta na prestação dos serviços pelo
Estado.
O projeto de lei apresentado pelo CDS é muito claro e visa, na Lei de Enquadramento Orçamental, que é a
Lei de valor reforçado que rege a forma como os orçamentos são geridos, pôr uma obrigação de no boletim
estatístico que a Direção-Geral do Orçamento divulga todos os meses com a execução orçamental se incluir um
capítulo com as cativações. Sabendo-se aquilo que está cativado inicialmente, mês a mês, vamos saber aquilo
que foi descativado em cada Ministério, em cada programa, em cada serviço, com todo o detalhe, o que nos
permitirá saber como é que esta gestão está feita.
Aquilo que aconteceu em 2016 foi que 1000 milhões de euros — repito, 1000 milhões de euros — de despesa
aprovada por este Parlamento ficaram cativos até ao dia 31 de dezembro e não foram gastos, ou seja, aquilo
que o PCP e o Bloco de Esquerda andaram a dizer que tinham conseguido no Orçamento, o Sr. Ministro das
Finanças meteu na gaveta.
Isto tem de acabar. Uma discussão orçamental «para português ver e Ministro das Finanças enganar», com
a cumplicidade do PCP e do Bloco de Esquerda, é algo que é inaceitável.