I SÉRIE — NÚMERO 24
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UNESCO, apresentado pelo PS, pelo PSD, pelo BE, pelo CDS-PP, por Os Verdes, pelo PCP e pelo PAN, que
vai ser lido pelo Sr. Secretário António Carlos Monteiro.
O Sr. Secretário (António Carlos Monteiro): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A Assembleia da República congratula-se pela decisão de reconhecimento da Produção de Figurado em
Barro de Estremoz, conhecida por ‘Bonecos de Estremoz’, como Património Cultural Imaterial da Humanidade,
durante a 12.ª Reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural
Imaterial.
Os Bonecos de Estremoz remontam ao século XVII e inicialmente eram manufaturados apenas por mulheres.
Representam ofícios e tradições do Alentejo, figuras religiosas, temas urbanos e rurais e a sua estética muito
característica torna os Bonecos imediatamente identificáveis.
De acordo com o investigador Hernâni Matos: ‘Trata-se de uma manufatura sui generis, distinta de todo o
figurado português. Nela, o todo é criado a partir das partes, recorrendo a três geometrias distintas: a bola, o
rolo e a placa. São elas que, com tamanhos variáveis, são utilizadas na gestação de cada Boneco. Para tal são
coladas umas às outras, recorrendo a barbutina, e afeiçoadas pelas mãos mágicas dos artesãos, que lhes
transmitem vida e significado.
Os Bonecos nascem nus e depois vão sendo vestidos e enfeitados, que os Bonecos também são vaidosos.
Apenas a cara é confecionada com recurso a moldes adequados.
A técnica ancestral de produção de Bonecos de Estremoz transmitiu-se ao longo dos séculos e chegou até
nós. Depois da sua manufatura, os Bonecos são postos a secar, depois são cozidos no forno e são pintados
com cores minerais já utilizadas pelos artistas rupestres de Lascaux e Altamira no Paleolítico, mas aqui garridas
e alegres, como é timbre das claridades do Sul. Por fim, são protegidos com verniz.’
Ainda de acordo com aquele investigador, trata-se de ‘Bonecos que duplamente têm a ver com a nossa
identidade cultural estremocense e alentejana, Bonecos que, antes de tudo, são arte popular, naquilo que de
mais nobre, profundo e ancestral, encerra este exigente conceito estético-etnológico’.
Atualmente, modelam Bonecos as Irmãs Flores, Fátima Estróia, Afonso e Matilde Ginja, Duarte Catela e
Ricardo Fonseca. Utilizando as técnicas tradicionais, mas modelando com formas contemporâneas e locais,
temos Isabel Pires, Jorge da Conceição e Célia Freitas/Miguel Gomes.
A consagração da Produção de Figurado em Barro de Estremoz como Património Imaterial da Humanidade
é um importante elemento de valorização desta expressão da cultura popular e contribui decisivamente para a
sua preservação e salvaguarda.
Através deste voto, a Assembleia da República felicita as entidades que integraram a comissão executiva da
candidatura pelo trabalho que de forma persistente desenvolveram, bem como todas as entidades e
individualidades que se envolveram e empenharam neste processo e todos os estremocenses.
A Assembleia da República felicita de forma destacada todas as artesãs e todos os artesãos pelo seu
insubstituível papel de preservação e divulgação deste património, cujo reconhecimento pela UNESCO
engrandece a cultura popular e o País.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar este voto.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Aplausos gerais.
Passamos à votação do projeto de resolução n.º 1119/XIII (3.ª) — Recomenda ao Governo que, no quadro
da União Europeia, integre a Cooperação Estruturada Permanente no domínio da segurança e defesa (PS)
(texto inicial substituído a pedido do autor).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS e do CDS-PP e votos contra do BE,
do PCP, de Os Verdes e do PAN.