9 DE DEZEMBRO DE 2017
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Como eu estava a dizer, não há muitos nomes para descrever que, por um mero ato de campanha interna,
o Presidente dos Estados Unidos se arrisque a pôr em causa o bem mais precioso do Médio Oriente, que é,
neste momento, a paz. E é em nome da paz que esta Assembleia deve condenar esta decisão da Administração
norte-americana.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado José Cesário.
O Sr. José Cesário (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O mundo foi ontem surpreendido pela decisão
do Presidente norte-americano de concretizar a transferência da embaixada norte-americana, em Israel, de
Telavive para Jerusalém.
Entendemos que é uma decisão grave e muito preocupante. Em boa verdade, não é nova. Temos de recordar
que foi em 1995 que o Congresso norte-americano tomou esta decisão, mas houve o bom senso, por parte de
vários presidentes norte-americanos — o Presidente Clinton, o Presidente George W. Bush e o Presidente
Obama —, de ir adiando sucessivamente a concretização desta medida, que é agora aplicada.
Entendemos que é uma medida que vem contra todas as recomendações da comunidade internacional e,
particularmente, contra as decisões das Nações Unidas.
É uma medida que pode contribuir para o agravamento do conflito israelo-palestiniano, numa zona, aliás, já
fortemente condicionada pelos conflitos da Síria e do Iémen.
Somos, assim, de opinião de que, neste momento, é importantíssimo que a diplomacia ocupe o lugar que
tem de ocupar. Este não é um momento para posições radicais, este é um momento para haver aproximação
entre os povos e uma forte intervenção da comunidade internacional na mediação deste conflito.
Daí que apelemos fortemente a que haja essa moderação, a que haja esse diálogo diplomático e
democrático, para que possamos todos contribuir para o restaurar da paz no Médio Oriente.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, ainda para uma intervenção, o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sobre estes votos, quero deixar
algumas notas prévias e tirar algumas conclusões.
Os Estados Unidos da América são um país amigo de Portugal, com quem temos relações históricas de
amizade, e até de dívida, pelo que fizeram pela paz na Europa, contra ditaduras como o nazismo e o estalinismo,
e de gratidão, pela forma como acolheram inúmeros portugueses. Temos, pois, uma relação que, bilateral e
multilateralmente, pode e deve ser aprofundada.
Por outro lado, o CDS respeita a política interna dos Estados Unidos e o princípio da não ingerência, tanto
mais que se trata da decisão de um Congresso, de um órgão democrático, datada de 1995.
Por fim, para o CDS, e há muito que o dizemos, a questão israelo-palestiniana só pode ser resolvida no
respeito pelos acordos celebrados, pelas resoluções das Nações Unidas e pela diplomacia e desde que passe
por dois Estados soberanos respeitando-se, reconhecendo-se e vivendo em paz.
Dito isto, Sr. Presidente, sendo esta uma decisão soberana de um país amigo, não podemos ignorar que tem
um efeito, não só na região mas também a nível global, que nos merece a maior preocupação.
Não podemos esquecer que esta decisão contraria resoluções das Nações Unidas, assinadas por Portugal
e pelos Estados Unidos da América, dá um sinal errado, dá um sinal contrário, não ajuda a paz e promove e
alimenta extremismos.
Por isso mesmo, não podemos deixar de mostrar a nossa preocupação, como fizemos.
Quanto aos restantes votos, designadamente o do PCP, pela sua linguagem, também ela manifestamente
contrária aos interesses da paz, no sentido em que promove e toma parte por uma das partes, coisa que não
pode, nunca, ser fundamento da paz, o CDS votará contra.