I SÉRIE — NÚMERO 24
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Aproveito para dizer que, desde ontem, tomei a liberdade de enviar, em meu nome, à Presidente das Cortes
Espanholas uma mensagem de condolências, visto que era alguém muito amigo de Portugal e um grande
europeísta.
Peço ao Sr. Secretário Deputado Pedro Alves o favor de ler este voto.
O Sr. Secretário (Pedro Alves): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 4 de dezembro, em Madrid, o ex-Deputado e ex-Comissário Europeu Manuel
Marín.
Nascido em 21 de outubro de 1949, Manuel Marín estudou Direito em Madrid, Direito Comunitário em Nancy
e Estudos Europeus no Colégio da Europa, em Bruges.
Manuel Marín foi responsável por negociar a entrada de Espanha na então Comunidade Económica Europeia
e foi o primeiro Comissário Europeu nomeado por Espanha, responsável pelas pastas de assuntos sociais,
educação e emprego, no colégio presidido por Jacques Delors. Foi sob a tutela de Manuel Marín que foi lançado
o programa Erasmus, dando a dezenas de milhões de jovens a oportunidade de passar um período dos seus
estudos num país diferente do seu.
O programa Erasmus é uma das faces mais visíveis do desenvolvimento de uma verdadeira cultura e
identidade europeias. Entre 2014 e 2020 antecipa-se que sejam mobilizados quatro milhões de jovens, entre os
quais dois milhões na educação superior. Em 2015, com base nos últimos dados disponíveis, Portugal
encontrava-se entre os 10 países que mais alunos do ensino superior enviava para estudar noutro Estado-
membro e entre os 10 países que mais alunos estrangeiros recebia.
Manuel Marín foi também Comissário no colégio de Jacques Santer e Deputado e Presidente do Congresso
dos Deputados.
Assim, a Assembleia da República exprime o seu pesar pelo desaparecimento de Manuel Marín e apresenta
aos seus familiares as suas condolências».
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, vamos guardar 1 minuto de silêncio relativo a todos estes votos.
A Câmara guardou, de pé, 1 minuto de silêncio.
Srs. Deputados, prosseguindo as votações, passamos ao voto n.º 447/XIII (3.ª) — De saudação à Associação
António Fragoso (PS, PSD, Os Verdes e CDS-PP).
Peço à Sr.ª Secretária Deputada Idália Salvador Serrão o favor de ler o voto.
A Sr.ª Secretária (Idália Salvador Serrão): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte
teor:
«No ano de 2018 assinala-se o centenário da morte de António Fragoso, um caso admirável de talento
musical raro e maturidade precoce, ceifados na flor da juventude pela vaga de gripe pneumónica que há um
século dizimou as populações da Europa.
Em outubro de 1918, António Fragoso estava a trabalhar a sua última obra, uma sonata para violino e piano.
Pouco tempo antes, a 3 de julho, tinha concluído o curso de piano no Conservatório Nacional com 20 valores.
Já então era um pianista e compositor considerado, sobretudo pelos colegas, apesar de contar apenas 21 anos
e de estar inserido num meio modesto. Os concertos que tinha dado nesses dois últimos anos, 1917 e 1918,
tinham-lhe permitido tocar publicamente muitas das suas obras. A sua grande aspiração, nessa altura, era a ida
para Paris, para estudar composição com os grandes mestres. O seu falecimento prematuro travou um percurso
que, à época, se augurava impressionante.
António Lima Fragoso nasceu em 1897 na aldeia da Pocariça, concelho de Cantanhede, distrito de Coimbra,
e ali viveu os seus primeiros anos. A sua família, reconhecidamente culta — o único livro sobre a Pocariça foi
escrito e editado por seu pai —, permitiu-lhe aprender cedo as primeiras letras e notas musicais. O seu tio,