I SÉRIE — NÚMERO 29
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O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Quer ganhar no prolongamento?! Já perdeu o jogo!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Qual é efetivamente a realidade? A realidade é que o País viveu anos de uma
crise dramática, de desconfiança profunda das portuguesas e dos portugueses, de descrença no futuro,
alimentada ativamente pela política do anterior Governo.
O anterior Governo acreditava verdadeiramente que o País só recuperava empobrecendo e destruindo
direitos.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Fale lá outra vez sobre ficção!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Aos jovens era dito que era tempo de emigrarem, aos portugueses que ficavam
era dito que tinham de aguentar e de empobrecer, aos empresários era dito que não havia lugar a investir porque
nada de futuro era possível construir no nosso País.
É por isso que as bancadas da direita recusaram até hoje, e recusam, conformar-se com a ideia de a
mudança de política poder dar bons resultados. São verdadeiramente contra o aumento do salário mínimo
nacional, porque acham mesmo que a competitividade do País há de fazer-se à custa dos baixos salários.
Ora, o que sabemos é que a competitividade do País se faz graças à inovação e, para isso, temos de ter
melhor emprego, e que o grande desafio estratégico que o País tem pela frente é a capacidade de ter melhor
emprego. O Observatório da Emigração registou que 2016 foi o ano em que menos portugueses se viram
obrigados a partir para encontrar emprego decente.
O que temos de fazer não é só subir o salário mínimo, é, sobretudo, subir o salário médio e continuar a
melhorar o rendimento das pessoas para que as empresas, de uma vez por todas, percebam que, se querem
ter futuro, têm de ter quadros e recursos humanos mais qualificados, com mais formação, com formação
assegurada ao longo de toda a vida, e que possam, efetivamente, contribuir para a melhoria do valor produzido
nos seus produtos e nos seus serviços. Esse é o grande desafio que temos pela frente e é nisso que temos de
prosseguir.
Para isso, o investimento na educação, na formação ao longo da vida, no sistema científico, na capacidade
de inovação, na modernização tecnológica é absolutamente decisivo.
Foi por isso que demos prioridade a acelerar a execução dos fundos comunitários. Era uma vergonha! No
dia em que este Governo tomou posse, tinham chegado 4 milhões de euros às empresas para poderem investir
na modernização da sua capacidade tecnológica. Em 2017, vamos fechar o ano com 1250 milhões de euros
investidos pelas empresas na sua modernização e a ambição que temos é de prosseguir para o ano, para que
pelo menos 2000 milhões de euros possam ser investidos pelas empresas na sua modernização tecnológica,
porque só assim poderemos criar mais e melhores empregos.
Só assim poderemos dizer aos jovens que hoje estão a decidir se vão para a universidade ou se desistem
de estudar que vale a pena estudar, porque estudando poderão ter mais e melhor emprego. Só assim poderemos
dizer àqueles que partiram que podem ter esperança de, efetivamente, regressar a Portugal e aqui construir o
futuro da sua vida. É fundamental que queiram voltar a Portugal e aqui construir o futuro da sua vida, porque é
a única forma que temos de tornar, de facto, o nosso País mais moderno.
O País tem de modernizar-se, porque temos grandes desafios pela frente: as alterações climáticas são um
desafio a que temos de responder, a sociedade digital é um desafio a que temos de responder, a modernização
da Administração Pública é um desafio a que temos de responder, e para todos estes desafios precisamos, cada
vez mais, de pessoas mais bem qualificadas. Esse é o grande esforço e a grande batalha em que o País tem
de concentrar-se ao longo dos próximos anos. Essa é a trajetória da mudança que nós introduzimos.
Quando desvalorizaram a política de rendimentos, fizeram-no porque não perceberam que a política de
rendimentos não é só uma questão de respeito pelos pensionistas, não é só uma questão de respeito por quem
trabalha, é também um investimento numa sociedade que investe na sua população e que, deste modo, pode
ter a população a trabalhar, a construir, mobilizada, a reforçar a confiança e a esperança no futuro do nosso
País. É essa a trajetória que temos de seguir.