I SÉRIE — NÚMERO 31
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desemprego continua em queda, que o défice não foi consolidado, que a dívida pública não está em recuo, que
não saímos do procedimento de défice excessivo, que não saímos do «lixo» das agências de notação financeira,
que não consolidamos finalmente o sistema bancário através de uma recapitalização pública bem-sucedida da
Caixa Geral de Depósitos, que os nossos parceiros europeus não reconhecem esta realidade com o mérito que
reconhecem àqueles que são os dirigentes e os responsáveis políticos portugueses capazes de o alcançar, que
não houve aumento das exportações, que não houve aumento do investimento, que não houve reposição de
rendimentos, de salários e pensões, que o salário mínimo não aumentou é só neste mundo de ficção em que o
CDS continua a residir. E é um mundo de ficção, curiosamente, muito parecido com aquilo que era o País quando
o PSD e o CDS o efetivamente governavam.
São estes os factos, Sr.ª Deputada, são estes os indicadores objetivos da realidade económica e que se
traduzem efetivamente numa melhoria da qualidade de vida das pessoas…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como eu estava a dizer, são estes os indicadores objetivos da realidade económica e que se traduzem
efetivamente numa melhoria da qualidade de vida das pessoas, num aumento real daquilo que está disponível
no bolso das pessoas e naquilo que está disponível para elas poderem aceder aos serviços públicos, que,
sabemos, ainda não estão no ponto ideal que gostaríamos mas que, seguramente, construíram uma evolução
muito melhor, muito mais positiva do que aquilo a que tínhamos assistido.
Portanto, Sr.ª Deputada, se quer fazer o balanço do ano de 2017, se calhar, faria melhor serviço ao País, ao
Parlamento e ao Grupo Parlamentar do CDS se olhasse para a realidade do País e não para a noção de ficção
que foi construindo no Grupo Parlamentar do CDS.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José
Cesário.
O Sr. José Cesário (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, quero dizer-lhe que tem razão
quando diz que em 2017 o Estado falhou e o Governo mostrou a sua verdadeira face, e isto é mais importante
ainda.
O Governo mostrou arrogância, em primeiro lugar; mostrou desresponsabilização, ignorando problemas,
desprezando, nomeadamente, a própria concertação social e os contributos e as iniciativas de outras forças
políticas da própria oposição.
O Governo mostrou insensibilidade ao ignorar os mais fracos, os seus problemas, fazendo de conta que eles
não existiam.
O Governo impôs uma austeridade escondida, a partir de impostos indiretos e taxas que hoje penalizam os
portugueses, porventura, mais do que nunca.
O Governo permitiu uma degradação evidente dos serviços públicos.
O Governo mostrou, em 2017, aquilo que realmente são as suas verdadeiras intenções — e eu cumprimento
a Sr.ª Deputada por ter trazido esta matéria à colação e a esta discussão. E, mais do que isso, em 2017, ficámos
a saber uma coisa grave, uma coisa que não é discutida com frequência mas que sabemos que afeta por demais
todos os portugueses: nunca, nos últimos 30 anos, a mortalidade nas estradas aumentou tanto como neste ano.
Como é que V. Ex.ª comenta este aspeto?
V. Ex.ª abordou aqui uma outra questão que passa pela credibilização da vida pública, pela credibilização da
vida política. Evidentemente que o financiamento dos partidos é um aspeto central neste domínio, mas, também
neste domínio, a reforma do sistema político, a reforma do modo como os políticos se confrontam com a
sociedade, implica outras matérias, nomeadamente a sua proximidade com os eleitores, com as pessoas,…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem de terminar, Sr. Deputado.