5 DE JANEIRO DE 2018
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O tempo em que PSD e CDS-PP atacavam todos os dias os direitos dos trabalhadores e dos utentes do
Serviço Nacional de Saúde, graças ao resultado e à luta dos trabalhadores em 2015, já passou.
De facto, o Sr. Deputado disse, e muito bem, que ainda há muito para fazer no Serviço Nacional de Saúde.
As consequências gravosas, desastrosas e a opção ideológica tomada pelo PSD e CDS-PP relativamente ao
Serviço Nacional de Saúde ainda vão demorar muito tempo a ser ultrapassadas.
Houve avanços tímidos no sentido de reverter essa política, mas ficam muito aquém do que é necessário e
obrigatório fazer em defesa do Serviço Nacional de Saúde e não se vai mais longe por opção do Partido
Socialista, que não se quer libertar dos constrangimentos externos, da dívida, do euro e do cumprimento do
défice.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr. Deputado Moisés Ferreira, a questão que lhe coloco é a seguinte: concorda com o PCP quando diz que
a melhor defesa do Serviço Nacional de Saúde é, de facto, o cumprimento do artigo da Constituição da República
Portuguesa, onde se refere claramente o direito à saúde, ou seja à defesa do Serviço Nacional de Saúde
universal, geral e gratuito, e o fim completo do negócio dos grandes grupos económicos, que sangram os
recursos financeiros e humanos que estão, hoje, a fazer falta ao Serviço Nacional de Saúde e que são
imprescindíveis para se cumprir a Constituição?
Aplausos do PCP.
Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Moisés Ferreira, quero agradecer-lhe
o ter trazido o tema da saúde agora, na retoma dos trabalhos parlamentares, e o que é lamentável é que o tenha
feito pelas piores razões, porque os portugueses, que nos estão a seguir, sabem que hoje, no dia-a-dia, no País
real, a saúde é das áreas que pior está e que mais os afeta.
O CDS está disponível para discutir o futuro do Serviço Nacional de Saúde e para, à luz do seu conjunto de
valores, aqueles que sempre definiu, melhorar a saúde dos portugueses; não está disponível para demagogias,
nem para ocultar aquilo que se passa, hoje, no Serviço Nacional de Saúde, em relação ao qual este Governo, o
Governo que os senhores apoiam, tem, de facto, responsabilidades.
Preocupamo-nos muito com isto, e não sei como é que o Sr. Deputado Moisés Ferreira consegue convencer
os portugueses de que, dois anos e meio depois de ter sido empossado, é ao Governo anterior que cabe a
responsabilidade daquilo que se passa hoje: das filas de espera nas urgências, dos doentes em macas à espera
de serem internados, dos doentes em maca com recusa de internamento e com necessidade de transferência,
o que se prolonga por dias.
Eu sei daquilo que falo, Sr. Deputado, conheço o País real e lamento que os Deputados que estão na área
da saúde desconheçam que não há material, que não há medicamentos, que há cortes no fornecimento de
medicamentos e que há profissionais descontentes, que assinam documentos a dizer que se ilibam das suas
responsabilidades, os tais profissionais de saúde que os senhores dizem defender e que hoje se manifestam,
claramente, descontentes com as condições de trabalho que têm no SNS.
Portanto, com tantos problemas, nomeadamente falhas no INEM, atrasos nos internamentos e filas de espera
nas urgências, não estando ainda no pico de gripe — repito, não estamos ainda no pico da gripe — e tendo um
Governo que governa há dois anos e tal, temos de falar, aqui, de responsabilidades. Quem são os verdadeiros
responsáveis? Aqueles que governam hoje.
Os senhores também são corresponsáveis.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!