I SÉRIE — NÚMERO 31
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Em segundo lugar, o Sr. Deputado disse, no seu discurso, que tudo isto eram ficções. Olhe, Sr. Deputado,
quem dera que fossem. Quem dera que muitas das coisas que eu apontei aqui, que foram muito graves e que
se passaram em 2017 fossem ficções. Infelizmente, não são. Mas, em relação, apesar de tudo, às menos graves,
como, por exemplo, o aumento do gás e da gasolina, eu desafio-o a dizer-me onde está a ficção.
Eu disse-lhe que o gasóleo aumentou nos últimos dois anos cerca de 33 cêntimos por litro, diga, aqui, se é
verdade ou mentira.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Eu disse-lhe que, para encher um depósito de 60 litros, os portugueses
gastavam mais cerca de 20 euros. Diga se é verdade ou mentira, se é ficção ou realidade. Isto porque, Sr.
Deputado, tenho alguma dificuldade em ter discussões com palavras eloquentes e de grandes discursos mas,
depois, sem factos e sem números. E, portanto, eu gostava de saber, daquilo que eu disse, o que é exatamente
mentira. E também gostava que dissesse se as tabelas de retenção na fonte do IRS correspondem às alterações
que foram aqui aprovadas ou se, pelo contrário, só correspondem a uma partezinha, o que faz com que o Estado
vá encaixando a receita e não faça essa devolução, deixando essa devolução, para, coincidência das
coincidências, Sr. Deputado, o ano de eleições.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, faça favor de concluir.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Deputado, eu poderia ter trazido muitos outros exemplos, eu poderia
ter falado no aumento das comissões da Caixa Geral de Depósitos,…
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
… no que isso significa para muitos pensionistas portugueses, mas escolhi trazer estes pequenos exemplos
da realidade e o Sr. Deputado não negou, com factos, um único.
Gostava também de agradecer ao Sr. Deputado José Cesário e de lhe dizer que, certamente, o CDS tem
feito oposição, que é firme e é construtiva, e tem apontado caminhos alternativos sempre que denuncia aquilo
que está errado e muitas vezes o Governo tenta fazer-nos cair em enganos.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado
Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A realidade concreta do País está a
evidenciar as consequências da política de abandono e de degradação dos serviços públicos, das empresas
públicas e das funções do Estado seguida ao longo dos anos por sucessivos governos.
Privatizações e concessão de serviços a grupos económicos, cortes e encerramentos nos serviços das
empresas, agravamento da exploração dos trabalhadores e redução dos postos de trabalho, desinvestimento
em capacidade operacional, aumento dos preços e tarifas contribuíram para uma situação cada vez mais
insuportável para as populações e os trabalhadores.
A administração dos CTT anunciou mais um pacote de medidas que traduzem, e cito, «uma nova etapa» da
degradação da qualidade do serviço postal. Estas medidas incluem a destruição de postos de trabalho, mais
800, a venda de património, o encerramento de mais 22 estações e postos de correios. De Riba d’Ave a Loulé,
do Lavradio à Calheta ou da Araucária à Aldeia de Paio Pires o plano é prosseguir o desmantelamento do serviço
público e espremer tudo o que possa trazer lucros, dividendos e ganhos em bolsa.
Foi, aliás, assumida a perspetiva de transmissão para a esfera do Banco CTT da empresa Payshop, que é a
maior rede de pagamentos presenciais assistidos de Portugal com mais de 6500 pontos de contacto, um ativo
estratégico de enorme valor a passar para o negócio e controlo do Banco.