I SÉRIE — NÚMERO 31
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Isto é descapitalizar uma empresa fundamental para a vida das populações.
Aplausos do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente! É inaceitável!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Portanto, Srs. Deputados, o anúncio da administração dos CTT, poucos dias
depois do debate parlamentar que aqui tivemos sobre o futuro da empresa e do serviço público postal, esse
anúncio, assumiu contornos praticamente de provocação, de provocação ao poder político. E temos de ter uma
resposta muito clara não para nos entretermos a discutir, a refletir e a fazer estudos sobre aquilo que a vida está
todos os dias a demonstrar aos portugueses mas, sim, sobre os passos necessários que temos de dar para
garantir a defesa do interesse nacional e para que se possa restituir aos portugueses aquilo que lhes foi roubado.
E aquilo que lhes foi roubado foi os CTT, uma empresa com um serviço com mais de 500 anos, um serviço
público fundamental para o nosso desenvolvimento.
Portanto, Srs. Deputados, aquilo que se coloca neste momento com particular clareza é que a única forma
de os portugueses recuperarem o serviço postal de qualidade não é resgatando um contrato de concessão é
resgatando a empresa, e resgatando a empresa é revertê-la para o controlo da gestão pública.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, apesar de tantas vezes trazer
estas matérias a Plenário — …
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não tenho gosto nenhum, Sr. Deputado. Acredite!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … e isso, em si mesmo, deveria ser bom, porque nos permite discutir
aquilo que, a meu ver, se deveria discutir, que é a qualidade dos serviços públicos, o modelo de gestão dos
serviços públicos e saber, como diz e bem, que opções políticas são válidas —, confesso que é difícil, não vale,
não parece correto, nem é politicamente sério, o Sr. Deputado esquecer-se de que aprovou três Orçamentos,
de que as vossas opções políticas foram no sentido de reverter um conjunto de serviços para a esfera pública,
dizendo que a melhor garantia para o serviço era a detenção pelo Estado, ou seja, a natureza de empresa
pública, e, depois, não conseguir explicar por que é que, por exemplo, nos transportes todas as empresas que
prestam serviço são de natureza pública e o serviço degrada-se dia a dia. Explique lá porquê!
Vou-lhe só dar um exemplo: recebeu, como eu recebi, a Comissão de Trabalhadores da Soflusa. O anúncio,
para janeiro, da Comissão de Trabalhadores é o de que o serviço vai piorar, porque há barcos que não vão estar
certificados, porque vai haver falta de barcos, porque tem havido imensos incidentes.
Olhe, comparou as reclamações dos serviços públicos de transportes no 1.º semestre de 2016 ou o de 2017?
Sr. Deputado, as reclamações duplicaram e as empresas são públicas.
Os Srs. Deputados vêm disfarçar, vêm continuar a tentar fazer demagogia, confesso que da boa, dizendo
que nada têm a ver com isto, que as opções políticas não foram apenas e só pôr na esfera do Estado todo o
serviço de prestação de transportes, e, ainda assim, não há memória de termos tido tão mau serviço público e,
ainda por cima, mais caros — é que os serviços estão mais caros.
Eu até poderia dizer: «Bom, mas há aqui uma prova de que o que digo é verdade!», porque, por acaso, o
único serviço de transportes que os senhores mantiveram na esfera privada é a gestão do Metro do Porto.
Reparou nas notícias de hoje, que dizem que o Metro do Porto ganhou qualidade, ganhou passageiros e que os
serviços são sustentáveis?