I SÉRIE — NÚMERO 35
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uso da canábis, se falarmos verdade todos diremos que o uso terapêutico controlado é uma coisa diferente do
uso recreativo da canábis.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ora aí está!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Portanto, o que se impõe saber é o que o Bloco quer
verdadeiramente propor.
Sr.as e Srs. Deputados, neste quadro, a posição de Os Verdes em relação aos projetos apresentados — e
porque damos o benefício da dúvida — vai ser a seguinte: vamos viabilizar a discussão dos projetos para a
especialidade…
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e vai ser aí que a verdadeira essência das propostas será
revelada. Depois, em função disso, reanalisaremos a nossa posição quando se realizar a votação final global
dos projetos.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem! Essa é uma possibilidade!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não perderemos de vista que o que está assumido é a discussão
do uso da canábis para fins medicinais, e é esse o debate que se disse estar proposto ao Parlamento.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Para terminar este debate, tem de novo a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, do
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A discussão é séria, é sobre saúde,
é sobre o direito à saúde, não vale a pena tentarmos encontrar subterfúgios.
Disseram que o Bloco apresentou um projeto que, na verdade, quer a legalização para fins recreativos. Srs.
Deputados, se o quiséssemos fazer, tínhamos apresentado um projeto para esse fim. Já o apresentámos no
passado, não temos problemas nenhuns sobre isso, e tê-lo-íamos apresentado novamente.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — O projeto é sobre fins medicinais, unicamente isso! Vejam o exemplo do
Canadá: no Canadá, é possível o autocultivo, é possível a prescrição desde 2001 e é só para fins medicinais. É
isso que está aqui em causa.
Se há problemas sobre um ou outro aspeto do projeto que aqui trazemos, vamos discuti-los na especialidade,
vamos melhorar o diploma na especialidade, não há problema nenhum. Problema há em reconhecer que há
evidência científica, problema há quando se reconhece que é benéfico para muitas pessoas, para muitos
doentes, problema há quando se sabe que há dezenas de milhares de doentes à espera disto em Portugal e se
vai tentar adiar para o futuro, com falsos pretextos, com falsos argumentos, que nada têm a ver com as propostas
aqui apresentadas.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos passar ao segundo ponto da nossa ordem do dia, que consiste
na apreciação, na generalidade, dos projetos de lei n.os 709/XIII (3.ª) — Consagra a terça-feira de Carnaval como
feriado nacional obrigatório (décima terceira alteração ao Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de
12 de fevereiro) (Os Verdes) e 710/XIII (3.ª) — Altera o Código do Trabalho, consagrando a terça-feira de
Carnaval como feriado nacional obrigatório (PAN).