12 DE JANEIRO DE 2018
21
Estamos a falar de um dispositivo médico que se pode classificar como dispendioso — repito, custa 53 euros
— e que será comparticipado em 85% pelo Estado e que só este ano, estima-se, poderá ser utilizado por 15
000 portugueses.
Estamos, por isso, a descrever uma escolha política, uma opção com um impacto do ponto de vista financeiro
que não é displicente. E isso é tanto mais relevante quando todos sabemos que o País continua a viver com
limitações orçamentais e a necessitar de uma gestão rigorosa e cuidada, que, felizmente, tem, sem nunca
descuidar o princípio de que o ato de governar se faz não para os números mas para as pessoas.
O PS e o Governo apoiado pelo PS querem boas contas públicas para poderem dar boas notícias aos
portugueses. A pronta avaliação e a pronta decisão do Ministério da Saúde para a comparticipação deste novo
dispositivo médico para a medição da taxa de glicemia no sangue é um bom exemplo de que as pessoas estão
primeiro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ângela
Guerra.
A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos uma petição em que mais
de 11 000 cidadãos portugueses solicitam a comparticipação para a aquisição de um equipamento para a
medição dos níveis de glicose por indivíduos com diabetes, uma petição com a qual o Grupo Parlamentar do
PSD naturalmente concorda.
Trata-se de um dispositivo com uma tecnologia inovadora e que permite, pois, tornar o controlo da diabetes
mais fácil e menos evasivo, já que evita que os doentes tenham de picar o dedo para medir os seus níveis de
glicemia no sangue todos os dias.
Gostaria, assim, de saudar todos e cada um destes peticionários e de lamentar que a apreciação da sua
pretensão por esta Assembleia tenha demorado mais de um ano a ter lugar. Mas, pior do que este tempo de
espera, é ainda o facto de o Governo ter demorado mais de um ano e meio a aprovar a comparticipação do
referido dispositivo, e, coincidência das coincidências, foi hoje aprovado.
Impediam, no entanto, VV. Ex.as, e sabem disso, ao longo destes dois anos e meio de governação e depois
de três Orçamentos do Estado, que muitas pessoas com esta doença pudessem melhorar a sua qualidade de
vida por falta de recursos económicos.
Com efeito, o equipamento inicial representa um encargo de cerca de 170 € e um sensor para cada 14 dias
custa cerca de 60 €, o que significa uma despesa mensal superior a 120 €, e facilmente percebia-se que era
incomportável para muitas famílias.
Neste domínio, temos de ter presente o facto de em Portugal existirem cerca de 1,2 milhões de pessoas com
diabetes, das quais cerca de 4000 morrem todos os anos devido a esta doença.
Por outro lado, se é certo que o número de amputações provocadas pelo chamado «pé diabético» diminuiu
quase 37% entre 2010 e 2016, foram ainda realizadas mais de 1000 amputações só no último ano, o que, ainda
assim, se traduz num número assustadoramente elevado.
O diagnóstico precoce e a prevenção são, pois, vertentes fundamentais do combate à diabetes e não era
aceitável que a falta de investimento do Governo neste domínio tivesse como sequência, porque ainda a tem, a
degradação das condições de vida de tantos portugueses.
É preciso investir ainda mais na medicina preventiva e nos rastreios, mas também na promoção de hábitos
de vida saudáveis, pois só assim poderemos inverter a tendência de crescimento médio anual desta taxa de
incidência.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Parlamento aprecia hoje dois projetos de resolução que
recomendam uma vez mais ao Governo o que há muito já lhe foi recomendado e há muito já deveria estar feito.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés
Ferreira.