I SÉRIE — NÚMERO 36
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Uma escola privada escreveu-nos também o seguinte: «(…) Recebemos o reembolso de 2016, mas da
candidatura para 2016-2019, nada. O POCH (Programa Operacional Capital Humano) deve à nossa escola, até
31 de agosto de 2017, mais de 3 milhões de euros em reembolsos, que já pedimos.
Sr.ª Deputada, ajude-nos! Recorremos à Caixa Geral com uma conta caucionada, que paga juros, os quais
não contam como despesa elegível, para pagar salários, alimentação para trabalhadores e alunos, bolsas de
estudo, transportes para todos, até dezembro de 2017.»
Sr. Ministro, é disto que abdica?
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Álvaro Batista.
O Sr. Presidente: — A Mesa foi informada de que o Sr. Ministro da Educação responderá aos pedidos de
esclarecimento em dois grupos, o primeiro de cinco e o segundo de quatro.
Tem, por isso, a palavra o Sr. Deputado Luís Monteiro, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, para
pedir esclarecimentos.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr. Ministro
da Educação, este Governo tem como tarefa recuperar a escola pública da destruição a que ela foi sujeita nos
anos da troica e do Governo PSD/CDS.
Aquela que foi a degradação dos serviços públicos da educação teve momentos de ataque a setores
concretos, momentos esses que foram uma verdadeira destruição e calamidade na escola pública. Um desses
setores foi o da educação de adultos, referido, até, no relatório sobre o estado da educação, do CNE (Conselho
Nacional de Educação).
E exemplos não faltam, desde a falta de financiamento e o empobrecimento curricular até à falta de respeito
pelos profissionais do setor. O ensino artístico representou, aliás, um dos focos privilegiados do ataque que
Nuno Crato levou a cabo na escola pública. Para além do corte no seu financiamento, estes alunos foram
desconsiderados, assumindo o então Governo da direita que o seu modelo de ingresso e de avaliação para o
ensino superior representava — veja-se só! — uma discriminação positiva. Percebia-se bem onde queria chegar
a direita: desvalorizar o ensino das artes, acusando-o de ser facilitista.
No início desta Legislatura, o Bloco apresentou um projeto de resolução, que foi aprovado aqui mesmo, e o
Governo abriu — e bem! — uma discussão sobre essa matéria, criou um grupo de trabalho e fez um debate
sobre a mesma. Nesse âmbito, foi importante revalorizar a prova de aptidão artística e repensar o peso dos
exames, que se tornaram obrigatórios, impostos, na altura, por Nuno Crato.
O Bloco congratula-se e orgulha-se de ter preparado esse dossier, de o ter discutido com o Governo, mas
falta agora pô-lo em prática. Para quando, Sr. Ministro?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Ana Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro
da Educação, se é verdade que os problemas na educação são vastos e tardam a ser resolvidos, também é
verdade que alguns só agora chegam à vontade imperiosa de querer solucioná-los, porque, quando estiveram
no governo, o que melhor souberam fazer foi precisamente aprofundá-los olhando para os direitos como um
assalto mental e dizendo que só deviam existir se houvesse dinheiro para os financiar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Ministro, o tempo passa e ainda há demasiadas respostas em falta. É
preciso combater em toda a escola pública a precariedade de trabalhadores docentes e não docentes, sem
esquecer a vergonhosa situação laboral dos trabalhadores das cantinas escolares concessionadas, é preciso