8 DE FEVEREIRO DE 2018
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Em todo o caso, o que estes rankings, esta seriação que é feita pelos
media com base na informação fornecida pelo Ministério ainda não permite fazer resulta do facto de não integrar
informação sobre as distinções que ainda marcam muito a vida das escolas e que não lhes permitem chegar
aos mesmos níveis de sucesso ou, pelo menos, ter a mesma oportunidade de chegar a esses níveis de sucesso.
Estou a falar, por exemplo, dos funcionários. Ainda há poucos dias, no dia 2 de fevereiro, o Sr. Presidente
da ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas), o Prof. Filinto Lima, que
já foi aqui citado pelo Bloco de Esquerda, teve de vir a público, desagradavelmente, desmentir o Sr. Ministro
para dizer que, afinal, não estão colocados nas escolas os tais funcionários que foram anunciados em setembro
— e avisado pelo CDS repetidamente — e, portanto, não tinham chegado em tempo útil.
Mas há mais exemplos. Também não tem aparecido pagamento para as bolsas dos alunos dos cursos EFA
(Educação e Formação de Adultos), que precisam, muitas vezes, dessa bolsa para conseguir completar o seu
percurso educativo. Ou as verbas referentes aos orçamentos de 2017, que não permitem renovar computadores
e investir em materiais. Ou ainda, por exemplo, o caso da Escola Luís de Camões — em Lisboa, não num sítio
recôndito do País — que não consegue pagar as contas de eletricidade e, por isso, os alunos estão hoje a
queixar-se porque não têm aquecimento nas salas de aula para poder frequentar as aulas, pelo que se retiraram
das mesmas. Aliás, a respeito dos problemas de aquecimento, que no inverno são mais prementes, ainda há
pouco tempo, a tutela respondeu ao CDS que a solução estava, veja-se, na autonomia das escolas, porque
«havia muitas delas…» — e estou a ler a resposta — «… que adquiriram, com recurso a receitas próprias,
pequenos sistemas de climatização», suponho que pequenos aquecimentos. Presumo que seja esta a resposta
que o Ministério dá às escolas quando elas não têm meios, ou seja, resolvam o problema com base nos vossos
orçamentos próprios, porque pequenos aquecimentos resolverão de certeza os assuntos estruturais.
Portanto, Sr. Deputado, a pergunta é esta: estando nós de acordo com o valor dos rankings, o que é que o
Ministério da Educação está disposto a fazer para dotar as escolas dos meios de que elas precisam para terem
uma mínima condição de igualdade no acesso ao sucesso escolar?
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, quero dizer-lhe, muito
diretamente, que Os Verdes consideram que estes rankings são absurdos, estigmatizantes e profundamente
injustos. Se o Sr. Deputado tentar perceber que estes rankings existem para alimentar o negócio das escolas
privadas, vai ver que eles não deveriam existir. Se o Sr. Deputado pensar que há escolas, em Portugal, que
escolhem a dedo os alunos que têm e que há outras escolas, as públicas, que aceitam todos os alunos, vai
perceber que as diferenças serão grandes entre algumas.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, isto é profundamente estigmatizante e, como disse uma professora da Escola Secundária da
Baixa da Banheira, isto não faz outra coisa a não ser rotular os alunos. E rotular de uma forma muito injusta. É
justamente o exemplo da Escola Secundária da Baixa da Banheira, a última classificada no ranking, que lhe vou
dar.
Sr. Deputado, a maior parte dos alunos desta Escola escolhe cursos profissionais. Sabe porquê? Não é
porque não tenham vontade de frequentar o ensino superior e prosseguirem os estudos, é porque provêm de
famílias com carências económicas e porque sabem que têm de entrar no mercado de trabalho o quanto antes,
porque têm de obter rendimentos o quanto antes, porque não têm dinheiro para frequentar o ensino superior!
Não diga que isto não é injusto para estes alunos!
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Mas quem é que disse isso?!