31 DE MARÇO DE 2018
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Eram 13 horas e 45 minutos.
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Declarações de voto entregues à Mesa para publicação
Relativas aos votos n.os 501 e 502/XIII (3.ª):
O meu sentido de voto quanto aos votos n.os 501/XIII (3.ª) (BE), de condenação e solidariedade pela situação
dos presos políticos na Catalunha, e 502/XIII (3.ª) (PCP), de condenação pela prisão de dirigentes de forças
políticas, de membros do Parlamento e de ex-membros do Governo da Catalunha, foi exclusivamente
determinado pela disciplina partidária que tive que respeitar.
Na realidade, julgo que não é com prisões e repressão, nem com exílios e violência nas ruas que se resolve
o problema da Catalunha.
Os políticos que têm sido perseguidos estão a sê-lo apenas porque defendem os sentimentos e as opiniões
dos cidadãos que os elegeram, ou seja, no cumprimento dos mandatos que deles obtiveram. E estamos a falar
de uma significativa percentagem do eleitorado da Catalunha, tão significativa que as forças independentistas
repetiram nas recentes eleições uma posição maioritária no respetivo Parlamento.
São efetivamente presos ou exilados políticos aqueles que têm sido perseguidos desde outubro do ano
transato. Felizmente que na Espanha de hoje já não existe a pena de morte…
A situação na Catalunha exige um diálogo aprofundado e sem complexos, na procura de soluções de
convergência que possam acomodar os interesses em confronto, todos eles legítimos. Mas esse diálogo deve
ter como base a defesa da democracia, a liberdade de expressão e o respeito pelos direitos individuais e
políticos.
Conhecemos bem o que se passou em Portugal antes de 1974, e por isso mesmo a nossa Constituição
estabelece no n.º 3 do seu artigo 7.º, aquele que respeita às Relações Internacionais, o seguinte: «Portugal
reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito
à insurreição contra todas as formas de opressão.»
Por tudo o que expus, defendo a libertação dos presos políticos da Catalunha e o início de um diálogo sério
e sem condições, visando o estabelecimento dos necessários compromissos a bem da paz social e política
naquela Região de Espanha.
O Deputado do PSD, Ulisses Pereira.
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Por estes dias o debate está centrado no processo independentista da Catalunha. Em Portugal são poucos
os que se afirmam defensores de um novo Estado, vivemos quase uma autêntica imposição do politicamente
correto. Habituamo-nos a ver Espanha com uma tal dimensão e uma tal realidade que nem pensamos nos
argumentos que trouxeram o processo até aqui.
Sou defensor da criação do novo Estado catalão, e há razões históricas, de direito internacional e até de
equilíbrio ibérico para que assim me pronuncie.
Portugal, durante mais de três séculos, conviveu com reinos vários no espaço territorial a ocidente dos
Pirenéus. Até aos reis católicos o processo resultou de agregação por casamento e de conquista pelas armas.
As Espanhas só se confirmaram a partir do século XV. Mas há uma realidade que importa, ainda hoje, ter em
conta: a monarquia espanhola mantém, até ao momento, a identificação segregada de vários reinos (Castela,
Aragão, Leão, Granada, Toledo, Valência…), o que diz bem da especificidade nativa da realidade política e
institucional das Espanhas.
O processo independentista catalão não é só partilhado por republicanos, ele atravessa todos os campos
partidários e vai para além dos questionantes da tiptologia do regime. Esta realidade não se verifica só na
Catalunha, encontra-se noutros universos territoriais «cessacionistas». As elites monárquicas, muito marcadas