I SÉRIE — NÚMERO 67
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Diz o Sr. Deputado Telmo Correia que é preciso olhar para o passado. É verdade, é preciso olhar para o
passado. E diz também que o que ficou exposto em outubro é muito evidente. Simplesmente, não nos trouxe
toda a evidência e para o fazer teria de falar da floresta que foi encontrada desordenada, com largas manchas
florestais de prevalência de eucalipto e de pinho, teria de falar da responsabilidade política do CDS-PP sobre a
floresta, tal qual os incêndios a encontraram e desbastaram.
Durante anos a fio, o CDS-PP teve a responsabilidade política pela floresta. E o que é que fez? Promoveu a
cultura do eucalipto, com um regime jurídico que liberalizou ainda mais o plantio da espécie. O que é que fez
mais? Subfinanciou as equipas de sapadores florestais. O que é que fez, ainda, o CDS? Enfraqueceu serviços
como o ICNF. O que é que fez? Não teve qualquer papel na promoção de algumas boas práticas e boas medidas
previstas no sistema de defesa e combate contra os incêndios.
No desenho do PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020), o que é que fez o CDS?
Privilegiou a grande propriedade do Alentejo e subvalorizou o apoio que devia ser dado à pequena propriedade,
porque é aí, na pequena propriedade fragmentada, que prevalecem as largas manchas de eucalipto e de pinho,
as quais estão mais expostas aos incêndios. E, para cúmulo, ainda em 2015, através da Portaria n.º 134/2015,
excluiu o risco de incêndio dos critérios considerados e beneficiou os grandes proprietários, em detrimento dos
pequenos, precisamente onde o risco é muito maior, como, de resto, ficou dramaticamente à vista.
Isto foi o que fez o CDS! Aliás, já nesta Legislatura, o CDS-PP não apresentou quaisquer iniciativas próprias
relativamente ao pacote florestal apresentado pelo Governo.
Protestos do CDS-PP.
O CDS-PP, já nesta Sessão Legislativa,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por onde é que tem andado?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Há limites!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Calma!
O Sr. Carlos Matias (BE): — Há limites para dizer o seguinte: só o Bloco de Esquerda é que apresentou
propostas e iniciativas alternativas às do Governo.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Não foi nada disso! Isso é uma aldrabice!
O Sr. Carlos Matias (BE): — Mais nenhum partido aqui o fez! Nem os senhores!
Aplausos do BE.
Já nesta Sessão Legislativa, em janeiro deste ano, o CDS-PP votou contra um projeto de resolução, aqui
trazido pelo Bloco de Esquerda, que defendia apoio privilegiado à reflorestação pelos pequenos proprietários,
sempre que fossem adotadas medidas adequadas de proteção contra incêndios.
O CDS-PP votou contra o projeto de resolução, apresentado pelo Bloco de Esquerda, em janeiro deste ano,
nesta Sessão Legislativa, de incentivo à gestão comum, através das zonas de intervenção florestal, ZIF, ou de
outras formas de gestão agregada.
É com este currículo negro que o CDS vem aqui falar de incêndios, mas não devia ter cara para o fazer.
Se o CDS quer falar de futuro, a única perspetiva que trouxe para o futuro foi a da proteção às zonas
industriais.
Se o CDS quer falar de futuro, devia dizer o que propõe em defesa da gestão agregada por parte dos
pequenos proprietários florestais.
Se o CDS quer falar de futuro, devia vir aqui dizer o que defende para a renovação da PAC, para a discussão
que está em curso sobre a PAC, no sentido de ser reestruturada a floresta.
No entanto, sobre isto, o CDS está calado, não diz nada!