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I SÉRIE — NÚMERO 67

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A estratégia é sempre a de desculpabilizar quem não organizou, não previu, não preveniu, não preparou,

escolheu quem não estava preparado, permitiu a desmobilização e não respondeu, sequer, a pedidos urgentes

para reforço de meios.

Obviamente que há uma dúvida essencial: o que é que levou o Governo a, nestes quatro meses, não ter

reagido? Ou seja, o que é que levou o Governo a entre Pedrogão e outubro não ter prevenido? Porque, já o

dissemos aqui, qualquer um de nós, perante uma situação destas, tinha máxima popular, Srs. Deputados: casa

roubada trancas à porta. Por que é que os senhores nem sequer isso fizeram? Por que é que não reagiram?

Por que é que não previram? Podemos pensar em várias coisas. Porquê? Porque resolveram confiar na sorte?

Porquê? Deixaram-se ir atrás da burocracia, das fases Charlie, Delta, bloqueadas, sem capacidade de reação,

ou existiu um argumento financeiro, existiu a tal austeridade encapotada? Mais uma vez foram todos Centeno e

foi por isso que não tiveram os meios, neste caso com uma gravidade como nunca se tinha visto antes no País?

Esta dúvida é legítima e dá que pensar.

Aplausos do CDS-PP.

Neste momento, já não é pensável, não é aceitável, não é admissível que não esteja a ser feito tudo para

que no próximo ano e na próxima época de incêndios não voltem a ocorrer estas tragédias. Nesta matéria, temos

uma leitura exigente, mas temos uma leitura construtiva.

Agora existem sinais de que estamos muito aquém, existem sinais de que o Governo estará, mais uma vez,

atrasado naquilo que é necessário fazer.

Dou-vos vários exemplos: primeiro, o SIRESP. Em relação ao SIRESP estão ou não levantadas as falhas?

Temos notícias a dizer que não, nem o levantamento das falhas está feito, nem a cobertura de rede está

assegurada, nem, sequer, aquilo que serviu de bode expiatório, o grande problema era que o SIRESP era

privado — como se os quartéis de Tancos também fossem privados, ou qualquer outra ideia desse género — e

passando a ser público estava resolvido. Já é público? Está resolvida a contratualização? Tanto quanto sei não

está!

Protestos do Deputado do PS José Miguel Medeiros.

Segundo: grande solução, a Força Aérea a coordenar, a Força Aérea a intervir. Pergunto: quando teremos a

Força Aérea? É que tudo indica que não é tão cedo, tudo indica, sobretudo, que não é, seguramente, neste ano

e não há, sequer, notícias de quando teremos a Força Aérea a coordenar os meios aéreos.

Em relação aos meios aéreos, é claríssimo: dois concursos. O problema, ao fim de dois concursos, não está

resolvido, não temos os meios aéreos suficientes. O Sr. Ministro diz: «vamos ter como nunca.» Mas isso é

retórica. Eu quero saber é quantos vamos ter, quando vamos ter e, lembro ao Governo, uma coisa muito simples:

é que os contratos para os meios aéreos expiravam em 2017. Este Governo e esta maioria começaram a

governar em 2015. Como é que entre 2015 e 2017 não prepararam, minimamente, o concurso?

Aplausos do CDS-PP.

Protestos do Deputado do PS José Miguel Medeiros.

Foram fazer o concurso, agora, à última hora, desajustado dos valores reais; não o conseguiram fazer e

vamos ver como vão resolver este problema.

Espetáculo tristíssimo aquela «cena» dos Kamov. Os Kamov são do Estado, os Kamov seguramente têm

uma solução, cabe ao Estado garantir a sua recuperação. A imagem que temos, Sr. Deputado, é: hangar selado,

os Kamov não voam. Perguntei ao Sr. Ministro, há uns meses, se não estava preocupado com o facto de nenhum

estar a voar. Aparentemente, não estava e, aparentemente, nenhum vai voar. Portanto, é também um espetáculo

lamentável o dos Kamov.

Protestos do Deputado do PS José Miguel Medeiros.