I SÉRIE — NÚMERO 78
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O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Salvo uma pequena exceção: pelo menos o PS diz que autarcas em
função não podem ser dirigentes da Casa do Douro. Bom, esperava que incluísse também Deputados e,
porventura, outras incompatibilidades, mas já é um princípio de conversa.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Notamos hoje — os que conhecem o Douro não podem deixar de notar
— uma melhoria significativa da qualidade e da quantidade dos vinhos, do turismo, da paisagem. Direi que tal
se deve mais à UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e ao curso de Enologia da UTAD do que
propriamente à ação da Casa do Douro.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Vocês só olham para os lados!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Essa gerou dívida, gerou perda de património, gerou divisões na região.
Não reconhecer isso é ser do Alentejo e não ser do Douro, porque se fosse do Douro percebia o que estou a
dizer.
O Sr. Ascenso Simões (PS): — Ou do Dão!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Ou do Dão! Mas no Dão, como o Sr. Deputado deve saber, a maior parte
do benefício até está no distrito de Viseu, em S. João da Pesqueira, Tabuaço e Armamar. Como sabe, sou do
distrito de Viseu e, portanto, não me dá lições sobre essa matéria, como deve calcular!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — A atual Casa do Douro é pacífica, representativa, tem condições para
protocolar com o Estado e para cooperar com o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto), tem condições
para participar no interprofissional, tem condições para acrescentar inovação, para acrescentar valor. Tudo feito
como? Pelos produtores, na mão dos seus associados que livremente se querem associar. O destino é dos
produtores, é dos comercializadores, é da região, que não tem de estar sob a alçada de nenhum poder político,
de nenhuma participação política ou de um interesse partidário.
O Sr. João Dias (PCP): — Não está a ver o problema!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É essa a Casa do Douro que defendemos. Por uma razão muito simples,
Srs. Deputados: por respeito profundo à região, por respeito profundo aos comercializadores, por respeito
profundo aos pequenos produtores, que podem encontrar na Casa do Douro, livre e de associação livre, toda a
previsão dos seus interesses — renovação da vinha, melhoramento das castas, melhoramento da qualidade do
vinho, melhoramento e aumento do benefício, melhoramento da comercialização e uma cooperação com todos
os atores institucionais, Governo ou outros. Tudo isso para que a região do Douro não seja só Património
Mundial da Humanidade, não seja só beleza, não seja só, como dizia Miguel Torga, um excesso da natureza,
mas possa também ser aquilo que é hoje: a porta de entrada do turismo para o interior, a porta de entrada do
turismo no Douro e no Dão.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que nós ouvimos bem e respeitamos o
apelo do Partido Socialista. Estamos disponíveis para encontrar uma solução que pode passar pela proposta do
Partido Social Democrata, mas não estamos disponíveis para regressar ao passado que tanto prejudicou a
região e que tanto prejudicou os produtores.
Aplausos do CDS-PP.