27 DE ABRIL DE 2018
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O Sr. Ascenso Simões (PS): — Neste processo, todos somos responsáveis. São responsáveis os dirigentes
do Douro, alguns deles cleptómanos, alguns deles que assaltaram aquilo que eram os recursos dos lavradores,
e são também responsáveis muitos dos agentes políticos nacionais, que não souberam interpretar a realidade
da Região Demarcada do Douro.
Neste momento, temos uma oportunidade, e essa oportunidade é a de resolvermos definitivamente o
problema da organização institucional da Região Demarcada do Douro.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Ascenso Simões (PS): — No ano passado, pela primeira vez desde que o Marquês de Pombal instituiu
a região, assistimos a uma circunstância estranhíssima: o mercado interno foi mais relevante do que o mercado
das exportações do vinho do Porto.
Isso quer dizer muito. Quer dizer, em primeiro lugar, que o benefício e o vinho do Porto que estruturou
socialmente aquela região podem estar em causa a prazo, e num prazo muito curto. E quem não entende o que
é o benefício, quem não entende as especificidades da região, quem não entende porque é que há Baixo Corgo,
Alto Corgo, Douro Superior, com realidades muito diferentes e muito específicas, pode ter uma leitura de Lisboa
para uma região que seja só a leitura de que o Douro é de uma beleza extraordinária.
É claro que o Douro permitiu, no ano passado, a entrada de mais de um milhão de turistas, mas é também
verdade que não chega a ficar nesta região 10% do que cada um destes turistas traz ao nosso País.
Os 230 Deputados têm de estar à altura das circunstâncias perante a realidade que vivemos, perante esta
realidade social do Douro.
O Partido Socialista manifesta aqui, hoje, a disponibilidade completa para trabalhar com todos de forma a
resolvermos definitivamente um problema que está atravessado na nossa memória e que se apresenta perante
nós para encontrarmos uma solução definitiva. Saibamos todos estar à altura da situação sem necessitarmos
de olhar atrás para encontrarmos responsabilidades, mas olhando para a frente e assumirmos as nossas
responsabilidades.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, em nome do CDS-PP, tem a palavra o
Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O CDS mantém-se fiel à proposta
do anterior Governo, que é, no fundo, a de uma Casa do Douro livre.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Uma Casa do Douro livre, respeitando algo que até é um princípio
constitucional, que é a liberdade de associação.
Nós não queremos falhar aos produtores, não queremos defraudar o consenso criado e, portanto, não
queremos alimentar aquilo que foi aqui dito pelos Deputados Lima Costa e Ascenso Simões de um passado de
guerras políticas, de tentativa do controlo da região, de incompetência na gestão.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — As propostas da geringonça querem exatamente isso: não proteger os
produtores, não proteger a região, não dotá-la de modernidade, querem, sim, o seu controlo político e ideológico.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Que disparate!