I SÉRIE — NÚMERO 78
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humanos, se servir para mudar culturas altamente instaladas na Administração Pública e se se mobilizar a
Administração Pública para ser atora desta luta, se for assim, vale a pena.
Apoiamos, pois, este projeto nessa perspetiva. Aliás, só valerá a pena se for assim, porque tudo quanto ficar
aquém disto será não só pobre, mas perigosamente perverso, e aqui temos de estar todas e todos para combater
essa perversidade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Igualmente para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da
Silva.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, começo por saudar a Sr.ª Deputada Isabel Moreira
por ter trazido aqui esta questão que, não tenho dúvidas, une toda a Câmara.
As práticas discriminatórias, sejam elas quais forem, atentam, obviamente, contra o Estado de direito e contra
um princípio basilar do nosso Estado de direito, que é o artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa,
que todos nós temos como primeiro e principal dever de defender. Essa é uma missão que é essencial de
qualquer Estado de direito democrático e nós, no Parlamento, somos os primeiros a ter de o fazer.
Portugal não é um caso extremo de discriminação, sobretudo quando comparado com outros países, mas,
para nós, basta haver um caso de discriminação — seja ela qual for, e muito mais a rácica — para que tal exija
de nós uma ação. Basta haver um só caso para que isso seja considerado por nós um problema. A verdade é
que, apesar dos vários instrumentos nacionais e internacionais, ainda há várias formas de discriminação que
persistem e insistem e que devemos todos esforçar-nos por combater.
Não temos nada contra a instituição de um Dia Nacional para a Eliminação da Discriminação Racial, antes
pelo contrário, saudamo-lo. Mas dizemos que, mais do que a instituição de um dia, são precisas ações de
sensibilização, de formação e que tenham a virtude de eliminar as discriminações que ainda existem, quer a
racial, quer a religiosa, quer a sexual. O que é importante é que, de facto, haja ações nesse sentido, ações de
formação e instrumentos eficazes não só no sentido da promoção dos direitos como da eliminação das
discriminações, para além da integração de todos, como deve ser.
Este dia, naturalmente, dá ênfase à questão e é um marco simbólico, que, para nós, faz sentido existir, por
isso mais uma vez o saudamos. Mas o que para nós é também importante é que, a par da instituição de um dia
simbólico, se fomentem outras formas de promoção de direitos, de integração e, sobretudo, de combate às
discriminações.
Exortamos, pois, a que o Governo e todo este Parlamento se erga em defesa desses direitos e promova mais
e mais políticas que ajudem à eliminação de qualquer prática discriminatória.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, é para uma intervenção.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputados: O Grupo Parlamentar do PCP dá a sua
concordância à criação de um dia destinado a assinalar o problema da discriminação racial, fazendo duas
observações complementares.
A primeira observação é a seguinte: não se tratará de um dia para celebrar um problema resolvido. Não,
muito longe disso. Trata-se de um dia para assinalar um problema que é necessário resolver porque,
efetivamente, não podemos dar como adquirido que, em Portugal, o problema da discriminação racial seja um
problema erradicado. Não, é um problema latente, um problema relativamente ao qual temos de estar sempre
atentos.