I SÉRIE — NÚMERO 81
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vai dificultar a vida de muitas pelo aumento das rendas, mas também pode
conduzir a um maior aumento de encerramentos e de destruição de postos de trabalho.
A apreensão no setor é bastante e existem muitas empresas que já não estão a fazer um conjunto de
investimentos no seu estabelecimento, porque não sabem como é que vai ser o dia de amanhã, porque a
eminência do despejo e da expulsão está sempre presente, o que cria uma grande instabilidade numa atividade
económica tão fundamental para dar vida aos bairros e às nossas cidades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª PaulaSantos (PCP): — Se estas matérias são importantes, a questão da habitação também assume
uma grande centralidade.
O primeiro registo que gostaríamos de fazer relativamente a esta matéria é o de que esperávamos que a
responsável e o rosto por esta lei fizesse aqui uma intervenção e explicitasse, mais uma vez, as suas
motivações, mas não o fez. A Sr.ª Deputada Assunção Cristas remeteu-se ao silêncio e não defendeu a sua
maternidade em relação a toda esta matéria que tantas desgraças causou a milhares e milhares de famílias.
Aplausos do PCP.
Quando falamos de habitação, não falamos de números, falamos de pessoas, de moradores, de famílias, de
vidas concretas que, de um momento para o outro, ficaram numa enorme instabilidade e sem alternativa. Que
o digam as famílias que já foram despejadas, e não foram despejadas por incumprimento. Aliás, Sr. Deputado,
mesmo as situações de incumprimento devem-se ao grande ataque que foi feito aos trabalhadores por via do
desemprego, por via da redução de salários. Milhares e milhares de famílias ficaram sem condições para
poderem assumir as suas responsabilidades.
Estamos também a falar de famílias e de pessoas que cumprem com as suas responsabilidades, que sempre
pagaram as rendas, inclusive valores elevados, que investiram numa habitação que não é sua, que é de um
senhorio. E agora qual é a resposta que dão a estas famílias? A porta para a rua! Em vez de defenderem as
suas habitações, é esta a resposta que está a ser dada a muitas e muitas famílias.
Aplausos do PCP.
Neste debate, há uma divergência insanável. Para o PSD e o CDS, o que importa é o mercado — mais uma
vez, o mercado e a sua dinamização, o que levou ao despejo das famílias e ao encerramento de lojas de
comércio.
Protestos do PSD.
Para o PCP, o que importa é garantir o direito à habitação e este princípio constitucional está a ser negado
a milhares e milhares de famílias do nosso País.
Aplausos do PCP.
Foi exatamente com esse objetivo que agendámos este debate. Para que fique claro, a iniciativa que hoje
estamos a debater não foi apresentada à pressa, ela foi entregue em fevereiro.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª PaulaSantos (PCP): — Aliás, quando debatemos, em 2016, um conjunto de aspetos em relação ao
arrendamento, também foi por iniciativa do PCP.