18 DE MAIO DE 2018
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seja, efetivamente, daqueles incumprimentos que tenham sido mais relevantes para as causas que levaram ao
apoio público.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, em primeiro lugar
quero saudar essa disponibilidade para resolver e divulgar quem são os destinatários e os beneficiários das
injeções de capital público.
Todavia, Sr. Deputado, gostava de esclarecer que o PCP não propõe a divulgação de todos os créditos em
incumprimento quando o crédito é superior a 2 milhões de euros. Propõe a divulgação apenas nos casos em
que este seja abatido ao ativo, em que a instituição desista de cobrar ou, enfim, nalguma outra situação em que
tenha sido reestruturado. Propõe a divulgação apenas nesses casos, em que há perda objetiva do valor daquele
ativo no balanço.
Ainda assim — evidentemente, são compreensíveis as preocupações em torno do valor —, o critério que o
PCP utilizou foi precisamente o do valor médio da faturação de uma média empresa portuguesa para se manter
esta exigência acima desse valor. Mas, da parte do PCP, existe toda a disponibilidade para, quer em torno do
seu projeto, quer em torno dos restantes que estão a ser hoje debatidos, trabalharmos para se chegar a um
texto que garanta o objetivo fundamental de saber a quem é que andamos a pagar para os assaltos da banca.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de lei do PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Leitão Amaro.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há um mês e dois dias, o
Presidente do PSD, Rui Rio, fez um apelo para que fossem divulgados os maiores créditos incumpridos que
contribuíram para que alguns bancos, públicos ou privados, tenham recorrido a milhares de milhões de euros
de apoio público à sua recapitalização.
Este pedido não se tratava, propriamente, de uma novidade. As comissões parlamentares de inquérito do
BPN e do BANIF receberam a lista dos devedores e a carteira de créditos daqueles bancos.
Em 2016, em requerimento, e na Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos, o PSD pediu a
informação dos maiores devedores da Caixa, das perdas causadas, das garantias exigidas e de quem no banco
tomou as decisões. Após o Tribunal da Relação ter dito à Comissão de Inquérito, às autoridades e à Caixa Geral
de Depósitos que a Comissão de Inquérito tinha direito ao acesso à informação, todos nos lembramos como as
esquerdas todas — PS, PCP e Bloco de Esquerda — se juntaram para que a Comissão de Inquérito terminasse
à pressa, a decisão do Tribunal da Relação não transitasse em julgado e a informação, por isso, não chegasse
ao Parlamento.
Protestos do Deputado do PS João Paulo Correia e do Deputado do PCP Miguel Tiago.
Portanto, não foi uma novidade — foi estranho, mas não uma novidade! — que, perante um novo pedido de
Rui Rio, Presidente do PSD, feito há um mês, o Governo, a Caixa e o Partido Socialista tenham vindo a correr
repetir a recusa na transparência da informação relativamente aos grandes devedores incumpridores.
Mas também não foi estranho que, depois do apelo do PSD feito por Rui Rio, só o CDS, de imediato, tenha
seguido e aderido a esse plano de transparência, propondo a divulgação de informação.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Não foi bem assim!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — O que é que aconteceu, porém, e entretanto? Começou-se a destapar
a teia da promiscuidade, corrupção e abuso de poder que envolveu a anterior governação socialista e alguns
agentes económicos.